Sorry, you need to enable JavaScript to visit this website.
Carregando página NINHO.
A+
A-
Para mães e pais 
em fase de crescimento.

Novidades:

Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Papai Noel existe? Contar ou não contar para a criança?

Ninhos do Brasil NB
Família vestida de papai noel existe abraçando criança

Papai Noel existe? A dúvida entre contar a verdade para a criança ou seguir alimentando a fantasia pode gerar muitas dúvidas para papais e mamães. Será que traz algum malefício insistir que Papai Noel existe? Ou será que acreditar no bom velhinho é algo positivo para a criatividade das crianças?

A pedagoga e diretora de escola Joelma Dolfini optou por alimentar a imaginação dos seus três filhos e deixou que descobrissem sozinhos. Já a jornalista Ane Meira Mancio, criada sem a cultura de acreditar em Papai Noel, considera positivo o modo como seus pais lidaram com a questão. Agora que é mãe, ela tenta equilibrar fantasia e realidade na educação das filhas.

Conversamos com as duas para trazer diferentes visões para o debate.

“Meus três filhos acreditaram que Papai Noel existe. E tudo bem”

Entre as várias fases da infância, existe aquela em que as crianças passam a descobrir e se divertir com mundos fantasiosos. Existe inclusive, nas fases do desenvolvimento classificadas pelo biólogo Jean Piaget (1896-1980), o período chamado “pré-operatório ou simbólico”. Nele, fantasia e realidade se misturam e a criança vivencia muito faz de conta. 

Joelma é mãe de Amanda, 26, Heloisa, 23, e Gustavo, 10. Ela conta que, na infância das crianças, escolheu alimentar a fantasia e a imaginação. 

Para a família, a época do Natal era sempre um evento: criançada reunida para montar árvore, enfeites na casa, o presente dos pais e o presente do Papai Noel. Ela conta que levava as crianças ao shopping para fazer o pedido oficial ou as incentivava a escrever uma cartinha à mão fazendo o pedido. 

Era um momento especial, na verdade. O mundo da magia se tornava realidade aos olhos das crianças. A época que, na vida adulta, é mais um feriado para encontrar a família, para as crianças era ainda mais incrível. 

E como as crianças descobriram que Papai Noel não existe?

Todos os filhos de Joelma descobriram sozinhos que o Papai Noel não existe. Ela não sabe bem como aconteceu, só lembra que eles foram percebendo que algumas coisas não faziam sentido até falarem abertamente: “Eu sei que o Papai Noel não existe”. Nesse momento, ela simplesmente deixava de incentivar a história. 

Nenhuma das crianças ficou com raiva, era algo quase natural. Ao contrário, o menor, Gustavo, ficou se sentindo “todo todo”. O menino quis se vestir de Papai Noel para entregar presentes e incentivar a imaginação das crianças mais novas, como os primos e o sobrinho. 

Heloisa, a filha do meio, também deu seu relato como criança que viveu a história: “Eu me lembro de começar a desconfiar. Não sei por que, mas algumas pontas não fechavam. Nunca me senti enganada.” 

Sobre o passado, ela explica: “Olho para trás e dá até saudade de acreditar de novo nesse universo… a data era realmente mágica: como o carrinho de pedalar que eu pedi lá no shopping chegou aqui na sala de casa? A sensação era incrível. Que bom que minha mãe me proporcionou memórias mágicas.” 

“Sabe quando você sente que se quebrou um cristalzinho?” O Natal entre a razão e a fantasia

Os Natais eram um pouco diferentes na casa onde Ane Meira Mancio, 39 anos, foi criada com a irmã Camila, de 42. Na memória de Ane, elas sempre souberam que não era o Papai Noel que trazia os presentes: 

“No Natal, a gente escolhia os presentes. A gente pedia uma coisa para os avós e outra para os pais. Então, a gente já sabia o que ia ganhar, mas se mantinha a cultura de dar o presente na noite de Natal, no dia 24. 

E era igualmente muito festejado, muito esperado. A gente enfeitava a casa e a figura do Papai Noel estava presente nos enfeites, embora a gente soubesse que ele não existia.”

Isso pode soar negativo para algumas pessoas, quando comparado ao universo fantástico das tradicionais crenças infantis. Mas, para Ane, o modo como seus pais lidaram com a questão do Natal lhe rendeu um aprendizado fundamental.

“A gente teve essa criação mais racional e eu acho que foi importante, principalmente, para a gente dar valor aos brinquedos e aos presentes. Eu lembro que ganhava meus presentes sabendo quanto suor dos nossos pais eles tinham custado. A gente cresceu assim, nessa sopa de realidade”, conta a jornalista.

Alimentar ou não a ideia de que Papai Noel existe? Existe uma resposta certa?

Os anos passaram e hoje Ane é mãe de duas meninas: Betina, 5 anos, e Cora, 6 meses. E então, será que as filhas também estão sendo criadas com uma visão racional e realista do Natal? 

“Eu não tenho nenhum apego com o Papai Noel, em função da minha tradição familiar”, diz ela. “Já na família do meu marido, essa cultura é muito forte. Ele tem roupa de Papai Noel. Ele é o Papai Noel, saca? Ele é o Papai Noel! Até as meninas nascerem, ele era o Papai Noel de toda a família, se vestia e dava presentes para as crianças.” 

Ane diz que, de comum acordo, o casal cria as filhas na tradição da família paterna, acreditando em Papai Noel, embora essa adesão não seja livre de dilemas para ela: 

“Esses dias, a Betina estava olhando para uma boneca e perguntou: ‘Mãe, quem é mesmo que faz os brinquedos?’ Até então, ela acreditava que quem fazia os brinquedos eram os duendes. Aí, eu parei por um instante. Pô, vou mentir para a minha filha? A menina já tem 5 anos e a gente está em 2021. 

Eu disse: ‘Os brinquedos são feitos pelas fábricas de brinquedos. Este brinquedo, quem fez foi a fábrica de bonecas, este outro, quem fez foi a fábrica de ursinhos de pelúcia’. E, aí, ela meio que… sabe quando você sente que se quebrou um cristalzinho? A gente está lutando contra a fantasia, ou melhor, a fantasia está lutando comigo e com ela, eu acho.”

Mesmo sabendo que um dia as filhas e a fantasia travarão uma batalha decisiva, Ane reconhece e valoriza a importância da tradição natalina. Para ela, a afetividade que permeia as festas de fim de ano na sua família é algo muito positivo, que vale a pena ser mantido.

“Mantenho uma ludicidade até onde eu consigo, e enfeite é comigo. Decoro toda a casa. Só que eu decoro para o Natal, não decoro para o Papai Noel. Veja bem: eu decoro a casa para a gente”, destaca. 

“A fantasia faz parte do desenvolvimento infantil saudável”, afirma psicóloga

Existe certo e errado nessa história? Não, o importante é os pais respeitarem a etapa do desenvolvimento em que a criança está e terem uma postura sempre acolhedora e aberta. Essa é a visão da psicóloga Juliane Pires, que afirma:

“Antes de tudo, é importante compreender a importância dos processos imaginativos na infância. A criança tem uma necessidade de lidar com a realidade diferente de nós, adultos. Elas lidam com a realidade, compreendem o mundo através da fantasia, realizam e vivenciam seus desejos e sonhos através dela. A fantasia faz parte do desenvolvimento infantil saudável.”

Ou seja, imaginar o Papai Noel trazendo presentes do Polo Norte em um trenó é uma maneira normal de as crianças se relacionarem com a realidade. Num mundo repleto de coisas incríveis e difíceis de entender para quem tem 3 ou 4 anos, a fantasia é uma chave de entendimento e expressão. 

E você pode se perguntar até quando costuma durar essa fase.

“À medida que a criança vai crescendo e se dando conta da realidade, e sua vivência de mundo vai amadurecendo, e começa a questionar sobre essa fantasia, aí podemos, sim, falar para ela que [o Papai Noel] é uma fantasia que a gente cria e que existe só na nossa imaginação. E esse momento de questionar a fantasia do Papai Noel vai variar muito de cada criança e de cada contexto e dinâmica de família em que essa criança estará inserida”, pondera Juliana. 

A psicóloga reforça que falar sobre o Papai Noel não traz nenhum prejuízo ao desenvolvimento da criança:

“Acredito que as fantasias, por envolverem um lado lúdico, criatividade, capacidade de imaginar e simbolizar, são não só importantes, mas muito saudáveis para o desenvolvimento psicológico e também cognitivo da criança.”



Qualquer que seja a escolha da sua família sobre contar ou não às crianças sobre o Papai Noel, lembre-se: o importante é tratar do tema com leveza e afeto. 
 
Por falar em fantasia, você sabe a importância dos contos de fada para o aprendizado da criança? A Flávia Scherner, do canal Fafá Conta Histórias, explica. Clique e assista ao vídeo!


 

Tags deste conteúdo
X