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em fase de crescimento.

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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Criança cega: como estimular o desenvolvimento com autonomia?

Ninhos do Brasil NB
Um menino cego lê um livro em braille

Como estimular que a criança cega tenha um desenvolvimento sadio e com autonomia? Com acolhimento e envolvimento dos pais, familiares e amigos, ela será capaz de descobrir o mundo à própria maneira.

Receber a notícia da cegueira de um filho pode ser um choque num primeiro momento. Mas, acredite, a partir do momento em que a família entende que essa é uma condição diferente e não um problema incapacitante, inicia-se uma jornada de aprendizado e crescimento mútuo.

Como todo aprendizado, isso não vai acontecer de uma hora para outra, e é importante buscar ajuda. Profissionais especializados são essenciais nesse momento. Uma rede de apoio com outras famílias com pessoas cegas ainda pode permitir – quase que literalmente – ver a vida com outros olhos.

Neste vídeo do canal Histórias de Cego, Marcos Lima, que ficou cego aos 6 anos de idade, conta como lidar com o luto pela perda da visão dos filhos e enxergar esperança no futuro.

Confira a seguir dicas para ajudar a criança com deficiência visual a se desenvolver com independência, e de forma segura. 

Como estimular o desenvolvimento de crianças cegas?

A criança cega, como qualquer criança, precisa de estímulos para se desenvolver. Especialmente nesse caso, é importante que os pais aprendam a focar em tudo aquilo que a criança é capaz de fazer, e não tanto em suas limitações. 

No caso das crianças cegas, é ainda mais importante estimular os sentidos que compensam a deficiência visual, em especial para desenvolver suas habilidades motoras e a leitura do mundo pelo toque. 

Esses estímulos devem começar desde cedo e envolver os quatro sentidos, principalmente a audição e o tato. Tocar é forma de a criança se reconhecer, reconhecer o outro e reconhecer o mundo. 

  • Converse com ela com o rosto próximo ao dela, para que ela possa tocar e reconhecer você. 
  • Do mesmo modo, vale incentivar que a criança toque no próprio rosto, para que ela tenha familiaridade com a própria aparência e individualidade.
  • Estimule a criança a conhecer os cheiros, texturas e sons da casa, dos brinquedos, dos animais e de outras pessoas do círculo de convivência. Isso é fundamental para a sensação de segurança e pertencimento. 
  • Mesmo que seja um desafio, tente evitar a superproteção. Toda família se preocupa com quedas e machucados, mas isso também faz parte. É preciso dar à criança cega liberdade para explorar e aprender por conta própria (sempre com supervisão). 
  • Outra dica importante é procurar acompanhamento profissional depois de conversar com o pediatra da criança. Esse encaminhamento permite que ela tenha um auxílio precioso no seu desenvolvimento, além da possibilidade de contato com outras crianças. Contar com esse reforço ajuda toda a família a entender a realidade da criança e acolher da melhor forma.

Como ensinar uma criança cega a comer na mesa?

Toda criança aprende na prática. No caso das crianças cegas, praticar é a parte mais importante. 

Para ensinar a criança a comer na mesa, o primeiro passo é fazê-la reconhecer os limites do prato e o lugar de cada coisa. Aqui está o prato, deste lado está a colher, do outro está o copo de suco. 

Pelo toque, usando os dedos, a criança vai se acostumar a reconhecer onde começa e acaba o prato, a que altura está a ponta do canudo, de que lado pegar o talher. E, como acontece com toda criança, aprender a comer sozinho requer paciência, tentativa e erro.

Ensinando seu filho a usar o tato para saber onde está cada coisa, você o prepara para comer sozinho mesmo quando estiver fora de casa, além de estimular a autonomia alimentar. 

Como se preparar para a alfabetização em braille?

A alfabetização, em qualquer tipo de sistema, é um processo que começa bem antes de se aprender a ler e escrever. A criança precisa antes desenvolver habilidades linguísticas, noções espaciais, compreensão de formas e quantidades, entre outras. 

Vale ajudar a estimular outros sentidos da criança, como a audição, com músicas infantis, rimas e parlendas.

Como a alfabetização será em braille, um sistema de escrita baseado no reconhecimento de signos em relevo com as pontas dos dedos, é preciso desenvolver as habilidades do tato. 

A participação dos pais também é muito importante. Algumas famílias buscam aprender a linguagem junto com a criança. Em todo caso, é fundamental se informar para oferecer todo o suporte necessário. 

Conheça algumas formas de estimular a alfabetização em braille: 

  • Proponha atividades em que a criança trabalhe habilidades manuais, como abrir e fechar caixas, manipular objetos de tamanhos e formas diferentes, abrir e fechar zíperes etc.
  • Peça que a criança separe e categorize objetos diferentes, como grãos de feijão e de arroz, botões, moedas, entre outros.
  • Pratique a contagem com a criança. Ela pode aprender a contar com seus próprios brinquedos e objetos do dia a dia, de forma lúdica.
  • Trabalhe com a criança as noções de direita e esquerda, acima e abaixo. 

Para os pais que escolherem se alfabetizar junto dos filhos, as etiquetas e sinais em alto-relevo vão servir para o aprendizado da família toda. 

Espalhe essas palavras escritas em toda parte e apresente os textos em braille à criança.

Mas, se a família não compreende o braille, tudo bem: é possível mostrar as etiquetas para incentivar a criança da mesma forma.

Em resumo, para que a criança cega seja alfabetizada de forma efetiva, é importante que ela tenha, desde cedo, contato com textos em braille em seus ambientes de convívio.

Criança cega na escola: direitos e cuidados especiais

A legislação brasileira assegura a todas as pessoas o direito à educação e determina um ensino inclusivo, de preferência em escolas regulares. 

Para acolher alunos com deficiência visual, a escola deve estar em condições de proporcionar segurança e plenas condições de aprendizado. Por isso, antes de escolher a escola do seu filho, verifique se a escola oferece:

  • Profissionais com formação para atender alunos com deficiência visual.
  • Materiais específicos para ensino de cegos, como livros em braille e audiolivros, utensílios para escrita em braille, ábaco ou soroban para o ensino de matemática. 
  • Acessibilidade em toda a escola, incluindo sinalizadores táteis no chão, para orientar a circulação, e sinalização com versões em braille.

Como unir crianças cegas e que enxergam para brincar e estudar?

O primeiro passo é o diálogo. Converse com a criança que não tem deficiência visual sobre a condição do colega, explicando que a brincadeira e a diversão podem acontecer da mesma forma que seria com uma criança que enxerga.

Incentive que uma criança reconheça a outra por meio do toque! O contato físico e suave já aproxima as duas antes mesmo de começarem a brincar.

Apresente brinquedos que estimulem os sentidos, como olfato, tato e audição.

É interessante sempre destacar as capacidades de cada criança na brincadeira, ao invés de focar em limitações.

Vale lembrar que cada criança tem um ritmo, então uma brincadeira que pode ser tranquila para uma, pode ser razão de agitação para outra. Você, como adulto, pode ficar de olho para que a criança cega não se sinta excluída.

6 atividades e jogos para crianças cegas

Procurando atividades divertidas e estimulantes para ajudar sua criança a ter um bom desenvolvimento? Confira a seguir ideias de jogos e brincadeiras para fazer em casa. 

Lembre-se: crianças que enxergam também podem participar das brincadeiras, integração e acolhimento nunca são demais! 

  • Que parte do corpo é essa? Estimule na criança a consciência do próprio corpo tocando suavemente mãos, pés, joelho, cotovelo, braço, orelha etc., repetindo com ela o nome de cada parte. Ah, e quando a criança tiver maturidade para entender, explique a ela que apenas seus adultos de confiança podem tocar algumas partes do seu corpo e, ainda assim, devem pedir permissão antes.
  • Siga o som! Use brinquedos que fazem barulho (como chocalho ou bola com guizos) e peça que a criança ande em direção ao som. Assim, você a ajuda a usar a audição como forma de orientação.
  • Que cheiro é esse? Apresente uma substância de cada vez e repita o nome de cada uma, em seguida, apresente de novo e peça para a criança adivinhar pelo cheiro. Será sabonete? Será uma laranja? Será uma roupa com cheirinho de amaciante? Os odores podem ajudar seu filho a conhecer o ambiente.
  • Jogo das coordenadas: dê à criança uma bola ou outro brinquedo macio e oriente-a a jogar o objeto em várias direções. Assim, ela aprende o que significa “para cima”, “para baixo”, “para a frente”, “para trás”, “direita”, “esquerda”.
  • Cada coisa em seu lugar. Em uma mesa ou no chão, coloque diante da criança quatro tigelas e despeje na superfície quatro categorias diferentes de objetos. Por exemplo, 10 grãos de feijão, 10 castanhas, 10 porcas de parafuso e 10 bolinhas. Em seguida, peça que a criança separe os objetos, colocando em cada pote um tipo de coisa. 
  • Esconde-esconde sensorial. Essa brincadeira pode ser feita na rua ou dentro de casa. Pegue um brinquedo que emita sons (se houver várias pessoas brincando, cada uma pode levar consigo um som diferente) e esconda-se enquanto faz barulho com o objeto. A criança terá de procurar e encontrar cada pessoa pelo som. 

Com o acompanhamento adequado e acolhimento e estímulo dos pais, a criança cega consegue desenvolver suas habilidades e potencialidades do seu próprio jeito. Onde não falta amor, empatia e paciência, haverá uma criança saudável, curiosa, independente e feliz. 

Dicas de livros sensoriais para crianças cegas

Selecionamos alguns livros em braile que podem ajudar a criança a lidar melhor com sua própria condição e ainda aprender sobre diversidade.

Dorina viu

Conta a história de Dorina Nowill, uma educadora e filantropa brasileira que ficou cega aos 17 anos e lutou pelos direitos e inclusão de pessoas cegas na sociedade.

A Fundação Dorina Nowill, inclusive, tem diversos livros em braile publicados e uma biblioteca online recheada de exemplares para download.

Um mundinho para todos

Livro lúdico que fala sobre diversidade, respeito às diferenças e o bom convívio em sociedade.

A felicidade das borboletas

Um livro inspirador para crianças que, por meio da personagem Marcela, mostra que crianças que não enxergam podem desenvolver diversas habilidades, como dançar, nadar e andar de bicicleta.

Uma boa pedida é confeccionar os próprios livros sensoriais da criança. Use diversos tipos de tecidos, com diferentes texturas, e objetos também, como botões, fitas, tampinhas…É uma excelente forma de estimular o tato.

Caso você não possa ou não queira fazer o livro em casa, pode ser interessante encomendar um livro sensorial com uma pessoa artesã, dona de um pequeno negócio. 

A criança aprende brincando e você ainda incentiva a economia criativa! Demais, né?

Ser mãe ou pai de um filho cego: desafios e potencialidades no dia a dia

Sobrecarga, preconceito, piedade excessiva, exclusão ou desinformação de outras pessoas são desafios muito citados pelas famílias de crianças com deficiência visual

Mas, quando há apoio, se descobrem potências que vão além do sensorial.

Estimular a independência e a autoestima do filho é um processo contínuo em qualquer parentalidade, mas ganha novos contornos diante de uma deficiência. Um novo universo se abre. É preciso então buscar informação e apoio em grupos especializados para explorá-lo.

Após lidar com as inseguranças iniciais, aprende-se a cuidar sem superproteger ou desacreditar nas potencialidades do filho. Encontrar grupos de apoio e pessoas interessadas em saber mais sobre o assunto e realmente incluir as pessoas cegas na sociedade dá motivos para seguir adiante. 

Como já dizia o pequeno príncipe: o essencial é invisível aos olhos. 💛

Quer aprender mais sobre atividades inclusivas para crianças? Leia nosso artigo:

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