Comer, brincar e fazer escolhas: a autonomia até 3 anos
Estimular a independência e a autonomia das crianças é fundamental para o desenvolvimento delas. E pode começar desde muito cedo!
Ajudar o seu filho a ser protagonista da própria rotina é bom para a família toda (mesmo que gere algumas baguncinhas a mais num primeiro momento). Afinal, quando a criança pode participar das escolhas e das atividades da família, os laços de confiança se fortalecem ainda mais.
Desenvolver essa autonomia ainda tem efeitos positivos para a autoestima dos nossos pequenos aventureiros. Você já notou a alegria do seu filho quando ele realiza algo sozinho? É uma verdadeira vitória!
Antes disso, é também um aprendizado sobre tentar, errar e tentar de novo até conseguir.
Reunimos a seguir algumas práticas que ajudam na promoção da autonomia infantil mesmo antes dos três aninhos. Vem com a gente:
Quarto Montessoriano: um ambiente de ensino ativo!
O estímulo à autonomia de bebês e crianças pequenas pode começar já na decoração do quarto. Essa é a ideia do quarto montessoriano. Você já ouviu falar? Inspirado na teoria Montessori, a decoração desse quarto é pensada de forma a deixar o ambiente mais acessível e seguro à exploração por bebês e crianças.
Com brinquedos, livros e roupas ao seu alcance, eles conseguem identificar o que querem e já se esforçam para alcançar, brincar ou tentar vestir.
Confira os itens mais comuns nos quartos montessorianos:
- Sem berço: com uma cama baixinha ou mesmo um colchão no chão, a criança ganha autonomia para deitar e levantar quando quiser. A cama pode ter um aspecto lúdico, como as famosas cama-casinha, que tornam a hora de dormir mais atraente.
- Brinquedos ao alcance dos olhos e das mãos: deixar alguns (não muitos) brinquedos disponíveis para as crianças é um bom estímulo para elas decidirem com o que e quando querem brincar – e também para guardar depois. Cuidado com o excesso: se forem muitas opções, podem despertar ansiedade na criança, além de aumentar a bagunça!
- Livros por perto: que tal preparar um cantinho da leitura acessível para a criança? Organize uma mesa ou prateleira fácil de olhar, escolher e alcançar. Mesmo que ela não saiba ler, vai aprender a manusear as páginas e se divertir com as ilustrações.
- Espelho, espelho meu: ver o próprio reflexo é importante para que a criança se reconheça e observe os próprios movimentos.
- Look do dia: permita que a criança tenha acesso às próprias roupas; isso estimula o desenvolvimento de gosto pessoal e a autonomia para se vestir sozinha. Também aqui é bom ter cuidado com o excesso de escolhas!
BLW: autonomia na mesa
Mas que sigla é essa? BLW significa Baby-Led Weaning, em tradução para o português: “desmame guiado pelo bebê”. Isso mesmo: aqui, o “abre o bocão” sai de cena e dá espaço para o protagonismo da criança na alimentação.
No BLW, a criança exercita a experimentação sensorial sentindo, cheirando, olhando e experimentando tudo o que vai comer. Dessa forma, ela constrói uma relação muito mais positiva com a comida desde cedo, além de encorajar os pais a incentivarem essa autonomia.
Entre as vantagens do BLW, temos ainda:
- O desenvolvimento físico, social e intelectual da criança.
- Exercita os cinco sentidos (tato, olfato, paladar, audição e visão).
- A criança aprende sozinha o que é capaz de comer inteiro e o que precisa morder.
- Fazer as refeições à mesa com liberdade e na presença da família estimula a sociabilidade.
E alguns pontos de atenção:
- A bagunça faz parte do processo, lambança das boas! Babadores e toalhas fáceis de limpar serão seus melhores amigos.
- Você pode ficar preocupado com a quantidade que a criança está comendo, mas tente controlar essas expectativas e deixar seu filho guiar o processo.
O segredo é não ter pressa e encarar esse método como um incentivo, e não como regra. O acompanhamento com um profissional de saúde é fundamental, incluindo para o BLW. Fale sempre com o pediatra ou nutricionista de seu filho para ter orientações individualizadas.
Pra ficar limpinho, cheiroso e cheio de estilo
Além do estímulo à independência na hora de brincar e de comer, é possível incentivar os hábitos de higiene mesmo antes dos três anos. A criança provavelmente não conseguirá fazer tudo sozinha, mas já ficará feliz (e deve colaborar mais) quando sentir que você confia nela.
- Mostre que a hora do banho é divertida, não punitiva. Muitas vezes as crianças se aborrecem porque o banho interrompe uma brincadeira ou outra atividade prazerosa. A dica é dar continuidade a esse momento positivo, oferecendo brinquedos, conversando e ensinando como se limpar.
- Lavar as mãos da criança é sempre um ponto de atenção, já que elas costumam colocar tudo na boca. Com a pandemia, esse cuidado se redobrou e até mesmo as crianças mais novas passaram a associar lavar as mãos com algo bom para a saúde.
- Para incentivar a escovação dos dentes, aposte nas historinhas. Você pode dizer que a criança está varrendo os dentes para que os bichinhos não comam o resto de comida que ficou ali, por exemplo. Mostre como fazer, mas permita que a criança tente sozinha. Depois, o adulto pede para dar o toque final para ficar brilhando!
- Quando a criança estiver tentando colocar uma peça de roupa, deixe-a tentar – mesmo que esteja, literalmente, metendo os pés pelas mãos. É na tentativa e erro que ela descobre como faz.
- Porém, se a criança demonstrar irritação ou muita dificuldade com algo, é bom perguntar, com gentileza, se ela quer ajuda. Assim, ela entende que você confia que ela pode descobrir sozinha, mas que, ao mesmo tempo, está junto para ajudá-la no que for preciso.
Guardar os brinquedos, calçar sapatos sem cadarço, comer sozinho com supervisão e ter acesso às próprias roupas são exemplos de atividades possíveis para exercitar a autonomia durante essa fase que vai dos 1 aos 3 anos. Você também pode incentivar outros hábitos de acordo com o interesse e habilidade da criança. Sempre tenha calma e mostre o lado divertido dessas pequenas responsabilidades.
Não se esqueça, cada criança tem o seu tempo e conta com sua paciência e sua torcida. As dicas não substituem uma avaliação profissional. Não deixe de consultar o pediatra ou nutricionista de seu filho para obter orientações individualizadas.