Como trabalhar a autoconfiança no seu filho?
A autoconfiança é uma habilidade indispensável nos dias de hoje, em um mundo cheio de obstáculos e em constantes mudanças. É preciso ser capaz de enfrentar tudo isso com confiança e coragem.
A confiança é adquirida desde o nascimento, já nas primeiras interações entre o bebê e seus pais. O carinho, o afeto, o calor dos braços, a segurança, o olhar tranquilizador dos pais sobre o filho são ferramentas que permitem que o bebê se sinta seguro e possa seguir aprendendo com confiança. Tudo se constrói a partir dos laços do bebê e sua família.
Ao longo da infância, a autoconfiança vai continuar a ser construída nas interações familiares e também nas interações sociais. A autoconfiança segue em desenvolvimento ao longo da vida: o ser humano tem uma capacidade de resiliência incrível e estamos sempre aprendendo com as nossas falhas e com os nossos erros.
Os pais têm um papel extremamente importante no desenvolvimento da autoconfiança dos filhos. Para isso, é necessário praticar as atitudes certas.
E como os pais podem ajudar seus filhos a desenvolver essa autoconfiança?
Antes de mais nada, vamos entender a diferença entre autoestima e autoconfiança. Muitas pessoas usam as duas palavras como se fosse a mesma coisa, como se fossem sinônimos. Mas não é bem assim.
A autoestima significa ter consciência do seu valor, saber reconhecer seus pontos fortes bem como as suas limitações físicas, emocionais e sentimentais. Para ter uma boa autoestima, a criança deve primeiro desenvolver a autoconfiança. Portanto, esse é um aprendizado importante para uma criança.
A autoconfiança é a capacidade de enfrentar os desafios que temos pela frente. A confiança é como se fosse um motor que desenvolvemos dentro de nós mesmos: força, segurança interna e o conhecimento de que seremos capazes de lidar com situações que possam ocorrer, agora ou no futuro.
A autoconfiança das crianças é construída todos os dias. Uma criança que não tem confiança em si mesma pode ser uma criança que se desvaloriza: “eu nunca consigo fazer isso”, “eu faço tudo errado”, “eu não consigo acertar”.
A resposta é simples então: para fortalecer a imagem que a criança tem de si mesma, cabe a nós, adultos de referência, mães, pais e cuidadores, tornarmos a criança consciente de suas forças, de seu valor, de tudo que a torna única, valorizando o que ela consegue, encorajando a ir mais longe, respeitando o seu ritmo.
Por que desenvolver a autoconfiança de seu filho?
Já vimos que a autoconfiança tem a ver com sentir-se capaz. Vamos então voltar na comparação da confiança com um motor.
- Se a criança tem pouca autoconfiança, ela tem um motor interno com uma potência um pouco mais fraca. Ela vai se mover para frente, mas numa velocidade reduzida e os obstáculos serão um pouco mais difíceis de serem superados.
- Se a criança tem muita autoconfiança: ela tem um motor potente, cheio de um combustível chamado coragem e pode dar a partida por conta própria, mais rápida e por muito tempo. Ela pode redobrar sua energia, já que tem tanta, para superar obstáculos difíceis do seu dia a dia.
- Se a criança não tem autoconfiança, ela está com seu motor desligado: nesse modo, ela não é autônoma, se sente incapaz e avançar nos caminhos do dia a dia fica bem mais difícil.
Mas, na prática, como fazemos isso?
O desenvolvimento da autoconfiança está no centro da relação mães-pais-filhos. Vamos entender como ajudar nossos filhos a construir essa confiança ao longo de suas várias fases do desenvolvimento infantil.
De 1 a 2 anos: segurar as crianças e conversar olhando nos olhos, ler, brincar e cantar para elas comunica que são valorizadas. Fornecer cuidados físicos de forma rápida e consistente, permitindo que as crianças explorem o seu ambiente com segurança e com brincadeiras supervisionadas. Tudo isso estimula a autoconfiança.
Valorize os esforços da criança. Por exemplo: quando ela tentar agarrar um objeto com a mão ou engatinhar em direção a um brinquedo que goste, diga para ela, com uma voz doce e confiante: “Vá em frente, filho! Você é capaz! Você consegue!".
Reconhecer os sentimentos da criança (mesmo que ela não entenda tudo) pode fazer com que eles se sintam seguros e compreendidos: “estou aqui com você”, “vai ficar tudo bem”, “isso vai passar”, “você está seguro, meu filho”.
Entre 3 e 4 anos: permita que a criança explore livremente o ambiente. Isso vai deixar seu filho cada dia mais confiante. Em vez de superproteger e proibir a criança de fazer algo, é muito melhor tornar a atividade mais segura. Por exemplo, coloque um tapete de espuma e distribua almofadas no ambiente em que a criança gosta de brincar.
Evite fazer comparações com outras crianças, aplicar punições ou envergonhar seus filhos ao disciplinar. Em vez disso, se concentre em explicar por que seu comportamento é adequado ou não. Para ajudar as crianças a desenvolver autoconfiança, estabeleça expectativas claras de comportamento de acordo com a fase de desenvolvimento. Encoraja e reconheça as realizações, o trabalho e todo o processo e não apenas o resultado: “sei que foi difícil não correr, mas você conseguiu!”.
Entre 5 e 6 anos: praticar, tentar e até mesmo fracassar, faz parte da vida. Evite críticas e incentive as crianças a experimentar coisas novas.
Você pode usar isso para encorajar o comportamento que você deseja no seu filho para que eles sejam mais independentes e autônomos. Pense em todas as coisas que as crianças poderiam fazer se o ambiente fosse um pouco diferente ou se você fizesse alguns ajustes na sua casa: prateleiras mais baixas, comida saudável à disposição na altura da criança, filtro de água mais baixo, roupas nos armários de fácil acesso, para que ela mesma escolha a roupa, alimentos dentro da geladeira organizados em porções pequenas para que a criança possa abrir e logo pegar o que deseja.
Entre 7 e 8 anos: sempre que você puder, deve deixar decisões apropriadas para a idade na mão das crianças. É importante por duas razões. A primeira razão é que um ambiente cheio de opções promove autonomia.
A segunda razão é que vai ajudar a evitar as discussões. Quando você oferece muitas opções para as crianças: o que vestir, o que comer, onde fazer o trabalho de casa, quais atividades ela quer fazer, estamos promovendo a autoconfiança.
Lembre-se que as decisões precisam ser adequadas para a idade da criança. Deixe que elas tenham uma opinião e sejam ouvidas na maior parte das vezes que você conseguir.
Acima de 9 anos: a partir dessa idade, seus filhos vão se tornar pouco a pouco mais independentes. Nessa faixa etária, as crianças estão desenvolvendo um grande senso do que é certo e do que é errado. Elas podem ficar facilmente frustradas e vão precisar de um adulto de referência para encorajar, reforçando a confiança de que podem enfrentar qualquer coisa que surja em seu caminho.
Ensine para criança a habilidade de resolução de conflitos e incentive-a a experimentar novas atividades e interesses. Quando a criança descobre algo que ela realmente gosta de fazer, ela fica ainda mais confiante em si mesma e em suas habilidades.
Descubra a verdadeira paixão do seu filho. O que ele realmente gosta de fazer? É isso que vamos incentivar, não importa o que seja!
As três ações da autoconfiança para você praticar a partir de agora: valorizar, incentivar e demonstrar afeto ao seu filho
Valorizar: na verdade, trata-se de valorizar as ações: "você trabalhou bem" é muito mais eficaz do que "você é inteligente". A linha entre elogio e encorajamento pode parecer muito tênue, mas é enorme!
A educação neuroafetiva entende que há uma enorme diferença entre esses dois termos. Elogio é a expressão de um julgamento favorável enquanto encorajar é inspirar com coragem, estimular.
Expressar um julgamento ou inspirar com coragem… o que parece melhor para você? Você prefere ser julgado ou prefere ser inspirado? “Filha, suas notas de matemática estão realmente melhorando, seu esforço está valendo a pena!”.
Incentivar: as crianças são seres em construção. Elas precisam testar, descobrir o mundo a sua volta e cometer erros para aprender e seguir em frente. Por isso, é necessário estimular o desenvolvimento da autonomia.
Quando fazemos para uma criança algo que ela poderia fazer sozinha, você tira a oportunidade da criança exercitar sua autonomia. Estamos demonstrando de certa forma que somos maiores, melhores, mais capazes e mais importantes do que ela. Ou seja, pode ser visto como uma falta de respeito.
As crianças precisam de estímulos e incentivos. Sabe aquele impulso de logo estender a mão para a criança e fazer por ela? Então, resista! Dê espaço e oportunidades para a verdadeira autonomia se desenvolver nas coisas mais simples do dia a dia. É preciso tempo, paciência e treinamento. Para incentivar você pode dizer algo como: “é lógico que você consegue filho, continue tentando”.
Demonstre afeto: finalmente, embora possa parecer lógico para você, seu filho precisa ouvir que é amado.
Passar um tempo de qualidade com seu filho também é uma ótima maneira de demonstrar afeto. Organize passeios, jogos, brincadeiras. O importante não é a quantidade, mas sim a qualidade.
Se você abraça a criança com carinho para conter as lágrimas, isso terá efeito.
Se a disciplina for por afeto, isso terá efeito. Se você ouvir a criança com atenção, com empatia, isso terá efeito. Se você se comunicar com a criança de forma afetiva, isso terá efeito.
Se você quer criar uma criança confiante, faça com amor, paciência e respeito, os resultados serão acompanhados de coisas boas, portanto, terão efeito!