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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Luto infantil: como as crianças lidam com a morte?

Ninhos do Brasil NB
Um menino com olhar triste recebe o abraço de seu pai.

A primeira experiência de luto infantil a gente nunca esquece. “Aquela pessoa não existe mais? Para onde ela vai? Tem como voltar? Por que não? Como que vira estrelinha? Nunca mais vamos nos ver? Por que você está chorando?”... São muitas as dúvidas das crianças acerca da morte. 

Nem sempre temos respostas, ou mesmo condições emocionais, de respondê-las. Então como acolher a dor de alguém tão pequeno, quando nós, adultos, estamos com o coração partido?

O assunto é duro, mas precisamos falar sobre ele. Aliás, falar sobre a morte e o luto é uma das formas de acalmar a dor de quem fica.

Afinal, o que é luto?

O luto é a reação emocional que temos diante de uma perda. Essa reação é diferente de pessoa para pessoa e pode reunir os mais diversos sentimentos: raiva, desespero, melancolia, medo, angústia, tristeza, apatia etc. 

Assim, o luto é também o processo de lidar com todas essas emoções que a perda desperta. Tudo isso demanda tempo, e ele nem sempre é linear. Ou seja, pode ter altos e baixos, recaídas e mudar conforme o contexto.

A principal forma de luto é diante da morte de alguém querido, mas ele também pode ser vivenciado em outras situações de perdas, como separações ou mudanças, por exemplo.

E o que é luto infantil?

Além de ser a reação à perda ou à morte de alguém, o luto infantil é a reação à própria percepção da finitude da vida. 

Ou seja: quando morre uma pessoa próxima, ou mesmo um animal de estimação, a criança percebe que a morte é real, e que outros entes queridos também se vão um dia. 

Aliás, como os animais domésticos vivem menos que humanos, é comum que a perda do cachorro ou do gato da família seja o primeiro contato da criança com o luto. Por isso, não deve ser menosprezado ou visto como menos importante . 

O luto infantil é também o momento em que a criança presencia a fragilidade dos adultos à sua volta. Ela percebe que suas referências também sofrem e choram. É muita informação para lidar! 

Assim como entre adultos, o luto infantil envolve sentimentos múltiplos e pode levar tempos diferentes para ser assimilado. Nesse processo, honestidade, escuta e acolhimento são as melhores ferramentas. 

Como a criança entende a morte?

A compreensão do que é a morte caminha junto com o desenvolvimento cognitivo da criança. Dessa forma, a percepção do que está acontecendo tende a ser diferente conforme a idade.

  • Antes dos 3 anos, a criança percebe a morte apenas como ausência e falta – e pensa que ela pode ser revertida. 
  • Entre os 3 e 5 anos, a criança fantasia mais sobre o tema e pode acreditar que pensamentos e palavras têm o poder de provocar ou evitar a morte. Assim, é comum que ela se sinta culpada caso venha a falecer alguém com quem ela tenha brigado ou a quem tenha desejado mal em algum momento.
  • Dos 5 aos 9 anos, a criança consegue entender a morte como algo objetivo, definitivo e inevitável, mas pode apresentar dificuldade em expressar os sentimentos. Ela pode começar a questionar as crenças da família em relação ao tema.
  • A partir dos 10 anos, ela consegue pensar a morte de forma mais abstrata e formular hipóteses sobre as causas, além de perceber o impacto da ausência nas outras pessoas.

Mais do que a idade, as experiências que a criança tem com mortes podem influenciar o entendimento dela sobre o assunto. Ele também pode variar conforme a frequência com que o tema é abordado no seu entorno.

Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria alerta: para saber como a criança realmente está percebendo uma situação de luto, é fundamental ouvir o que ela pensa sobre o tema.

Como falar sobre a morte para uma criança?

A compreensão do ciclo e da finitude da vida podem ser transmitidas de várias formas, mesmo antes de alguém próximo à criança falecer. 

Uma das formas é mostrar fotos antigas da família, relembrar histórias de pessoas que não estão mais entre nós, mas que deixaram boas memórias. Se a criança manifestar curiosidade, vale explicar por que a pessoa morreu e como você se sentiu, como fez para superar a perda. 

O cinema e a literatura infantil também ajudam nessas conversas difíceis. Animações como Up e Rei Leão tratam o tema de forma sensível e adequada às crianças. Outras, como Viva a Vida e Soul, também da Disney, permitem a formulação de hipóteses sobre legado e vida após a morte.

Como contar para a criança que uma pessoa querida morreu?

Quando alguém próximo morre, aquilo que até então era apenas uma possibilidade distante, ou vista em livros e filmes, se torna real. 

Nesse caso, não tem fórmula fácil: é uma notícia difícil de dar. Tampouco existe uma verdade absoluta sobre a morte – diferentes culturas e religiões apresentam suas versões e explicações. O que sabemos e precisamos explicar é que aquela pessoa não voltará a viver, pois seu corpo deixou de funcionar.

Seja honesto e aberto com as crianças sobre seus sentimentos, pois elas percebem quando não estamos bem. Fingir ou esconder sentimentos apenas os transforma em tabu. 

Algumas metáforas como “virar estrelinha” e “ir morar no céu” podem ajudar na construção de uma narrativa afetiva com a criança.

Porém, é preciso cuidado com expressões como “foi viajar” ou “está dormindo para sempre”. Elas podem provocar confusões de conceitos, deixando a criança com medo de dormir ou de viajar, por exemplo. 

É indicado levar a criança a um funeral?

Essa é uma decisão que cabe a cada família, de acordo com seus próprios valores e rituais. Cerimônias de funeral ajudam a entender melhor o que é a morte e como ela é vista no seu meio.

Se a família decidir levar a criança ao funeral

Ao decidir levar a criança ao funeral, é importante que haja pelo menos um adulto de confiança em condições emocionais de acolhê-la durante o ritual. 

Ela pode ter dúvidas sobre o corpo da pessoa velada ou ficar assustada diante da dor do sofrimento dos pais. Nesse caso, é importante ter calma para explicar o que está acontecendo

Se a família decidir não levar a criança ao funeral

Se a família achar melhor não levar a criança ao funeral, é possível deixá-la com alguém de confiança, da sua rede de apoio. Num momento em que os pais estiverem mais calmos, é importante conversar com a criança sobre o assunto, contar como foi. Uma possibilidade é levá-la ao cemitério onde o familiar foi enterrado.

Quais são as fases do luto infantil?

Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação: a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross descreveu essas cinco fases enquanto estudava como os adultos lidam com a morte. Nem sempre elas ocorrem de forma linear – os sentimentos podem ir e voltar muitas vezes. 

No luto infantil, a definição de fases é ainda menos nítida. Cada criança pode reagir de forma diferente conforme o entendimento que tem sobre a morte. Quando muito pequenas, é comum que elas tenham dificuldades de pensar na morte como algo definitivo. Elas podem perguntar com naturalidade sobre quando a pessoa volta, por exemplo.

Dessa forma, é frequente que elas não sintam o mesmo tipo de baque que os adultos e sigam normalmente com suas rotinas. Isso não significa que a criança é insensível ou que não amava a pessoa que se foi. Na maioria das vezes, ela só precisa de um tempo maior para processar a informação da morte.

Luto infantil: sintomas

O luto não é uma doença, mas uma reação natural à perda. Junto com a tristeza, podem ocorrer sintomas físicos, como dor no peito e alterações no sono e no apetite. Quando o sofrimento se prolonga por muito tempo, é importante contar com o apoio psicológico para superar e retomar a vida da criança.

Alguns sinais para buscar ajuda:

  • Sentimento de culpa 
  • Dificuldades contínuas de sono ou inquietação
  • Baixa autoestima ou depressão
  • Medos 
  • Piora no rendimento escolar 
  • Agressividade
  • Falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas
  • Comportamento de risco

Luto infantil e psicologia: como a terapia pode ajudar as crianças

O acompanhamento psicológico profissional no caso do luto infantil ajuda a criança a entender os próprios sentimentos. Da mesma forma, orienta a família sobre a melhor forma de ajudar a criança.

É comum que algumas crianças se fechem e não queiram falar sobre o assunto com os familiares. O comportamento mais quieto e isolado, muitas vezes, vem do receio de trazer mais preocupações e sofrimento aos adultos. Com um profissional, a criança tende a se abrir com maior tranquilidade. 

Luto infantil na escola: como o ambiente pode ajudar nesse momento?

Retomar a rotina escolar também é importante na superação do luto infantil. Mas o ambiente escolar também precisa ser acolhedor. Por isso, é importante conversar com professores e coordenadores sobre o assunto, inclusive para preparar as demais crianças.

Talvez aulas de reforço sejam necessárias, dependendo do tempo que a criança ficou afastada. A capacidade de atenção e concentração podem ser afetadas, então a criança pode requerer um acompanhamento mais próximo.

Algumas crianças em luto podem sentir vontade de expressar essa experiência e sentimento com os demais. Outras podem ficar mais retraídas. Em ambos os casos, é fundamental que elas sejam respeitadas e acolhidas.

Como lidar com o luto infantil?

Mesmo com acompanhamento psicológico profissional, o apoio e acolhimento da família são fundamentais para lidar com o luto infantil. Nesse sentido, duas posturas são essenciais:

  • É preciso conversar, não só uma, mas muitas vezes sobre as emoções envolvidas em cada momento após a morte de uma pessoa querida. Isso ajuda a desfazer eventuais fantasias de culpa comum entre as crianças pequenas. 
  • Os livros infantis que falam sobre morte e luto são grandes aliados na hora de processar os sentimentos envolvidos na perda de alguém.
  • É importante também trabalhar as boas memórias, relembrando histórias e fotografias. Assim, a criança percebe que, mesmo que a pessoa não esteja mais entre nós, sua memória continua fazendo parte da família. 

Superar o luto é difícil para adultos e crianças. Mas juntos a família descobre razões para seguir adiante e cultivar o melhor da vida. Sem esquecer de quem se foi. A morte faz parte da vida, e o luto também.

Não tem receita pronta para passar por esse momento, mas sabemos que leva acolhimento e amor. Estamos todos aprendendo a desenvolver a maturidade para lidar com os sentimentos envolvidos. Saiba como ajudar a criança no desenvolvimento da inteligência emocional aqui.

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