Diabetes infantil: entenda mais sobre a doença e seus sintomas
O que você sabe sobre diabetes infantil? Quando o diagnóstico chega nos primeiros anos de vida, pode ser um susto para os pais. Mas, calma! A criança pode conviver com a doença e levar uma vida tranquila e saudável ao mesmo tempo 😊
Apesar de parecer coisa de adulto, o diabetes está presente na vida de 95,5 mil crianças e adolescentes no Brasil, segundo dados de 2019 do 9º Diabetes Atlas, da Federação Internacional de Diabetes.
E esse número não tende a baixar. De acordo com a mesma pesquisa, o aumento anual de casos chega a 3% e tem relação com o aumento de casos de obesidade infantil.
Porém, o excesso de peso e alimentação desregrada não são as únicas causas da doença. No mundo todo, mais de 1 milhão de crianças têm diabetes tipo 1! Esse tipo – que tende a surgir na infância – é uma doença autoimune, ligada a fatores hereditários.
Vamos entender um pouco mais sobre diabetes infantil? Neste texto, você vai encontrar:
- O que é diabetes infantil e quais são seus tipos
- Quais são as causas, sintomas e tratamento para diabetes infantil
- Como é a alimentação da criança que tem diabetes + dicas para prevenir a doença
- E muito mais!
O que é diabetes infantil?
Diabetes é uma doença crônica não transmissível, ou seja, é uma doença de longo desenvolvimento e duração, e que não passa de uma pessoa para outra por contato físico.
Trata-se da dificuldade do organismo em controlar os níveis de açúcar no sangue. O hormônio responsável por fazer esse controle e transformar o açúcar em energia é a insulina, produzida no pâncreas.
Quando o corpo da criança tem uma disfunção na produção de insulina, a concentração de glicose circulante no sangue aumenta, desencadeando o que chamamos de Diabetes Mellitus (DM).
Sem acompanhamento médico, o diabetes pode causar complicações no coração, nos olhos, nos rins e aumentar o risco de infecções em todo o corpo da criança.
Mas, com um diagnóstico precoce, orientação profissional e alguns cuidados, é possível conviver de forma saudável com a doença!
Pré-diabetes infantil: o que isso significa?
O pré-diabetes infantil é o estágio em que a criança ainda não é considerada diabética, mas corre riscos de se tornar.
Com um simples exame de sangue, é possível descobrir se seu menino e/ou menina é pré-diabético.
A pediatra e endocrinologista pediátrica Aline Riquetto explica:
“É importante que toda criança mantenha um acompanhamento regular e ambulatorial com o pediatra. Se, em qualquer momento, o médico detectar alterações pertinentes, ele deve solicitar a triagem glicêmica. No caso das crianças, o índice de glicemia que indica diabetes é igual ou superior a 126 mg/dL.”
Se o quadro pré-diabetético da criança estiver associado a ganho excessivo de peso e resistência à insulina, existem grandes chances de a doença progredir!
Para isso, é importante consultar um(a) nutricionista, a fim de melhorar a alimentação da criança e proporcionar um processo saudável de perda de peso.
Além de mudar o cardápio, aumentar a frequência de atividades físicas pode contribuir para a estabilidade ou regressão da pré-diabetes.
Então pré-diabetes infantil tem cura?
Aqui temos uma boa notícia: o pré-diabetes tem cura. Basta estar preparado para algumas mudanças, em busca de hábitos mais saudáveis e atividades físicas na rotina da criança.
Comece diminuindo as porções nas refeições, além de evitar bebidas açucaradas, principalmente na hora do almoço e do jantar. Insira alimentos frescos e integrais na dieta. Aliadas a um acompanhamento médico, essas medidas são fundamentais para reverter a situação.
Quais são os tipos de diabetes infantil?
O Diabetes Mellitus em crianças pode ter dois tipos: o Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) e o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2).
Em ambos os quadros, ocorre a hiperglicemia. O termo “glicemia” se refere à quantidade de glicose no sangue e o prefixo “hiper” nesse caso indica excesso. Por isso, quando estão juntos é porque há mais glicose do que deveria no sangue.
“Na população em geral, o tipo 2 é muito mais comum, sendo responsável por cerca de 90% dos casos. Já na infância e adolescência, o mais comum é o tipo 1, correspondendo a 90% dos casos nessa faixa etária.
É importante lembrar que diabetes infantil é um termo popular para se referir à diabetes na infância, mas este não é um tipo diferente de diabetes. Os tipos só podem ser DM1 ou DM2”, esclarece Aline.
Diabetes infantil tipo 1
O diabetes infantil tipo 1 (DM1) é o mais comum em crianças e é até possível que você já tenha ouvido chamarem de “diabetes infanto-juvenil”.
A criança com DM1 sofre com a deficiência total de insulina no corpo. Isso acontece porque o DM1 é autoimune, logo, as células produtoras de insulina são destruídas pelo próprio corpo antes mesmo de cumprirem o seu papel.
E quando não há insulina no organismo, a glicose não entra nas células da criança para fornecer energia e disposição. Daí, já viu, corpo e mente ficam fraquinhos e com aquela fadiga.
Diabetes infantil tipo 2
O Diabetes Mellitus tipo 2 dificilmente atinge as crianças. No entanto, Aline Riqueiro alerta: “Apesar de mais rara na infância e adolescência, está se tornando cada vez mais comum, devido ao aumento de casos de obesidade”.
No caso do DM2, o pâncreas produz a insulina, mas o corpo desenvolve uma resistência a ela. Assim, ela não atua de maneira eficiente e com isso, acaba deixando a glicose se acumular no sangue - a tal da hiperglicemia de novo!
Geralmente, esse pico de resistência à insulina acontece após a adolescência, um dos motivos pelo qual os casos de diabetes infantil tipo 2 são raros.
Mas, afinal, o que pode levar uma criança a ter diabetes infantil?
Sintomas de diabetes infantil, causas e tratamento: uma jornada pra vida toda
Estar atento aos sintomas e manter hábitos saudáveis é essencial para o diagnóstico e tratamento adequado.
O que pode causar diabetes infantil?
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune. Ou seja, acontece quando o sistema de defesa do organismo ataca células saudáveis. Nesse caso, as células do pâncreas são as vítimas, o que dificulta ou impede a produção de insulina, responsável por permitir que a glicose entre nas células do corpo..
A medicina ainda não sabe ao certo por que isso acontece com algumas crianças. Entre as possíveis causas estão fatores hereditários agravados por fatores externos, como:
- uso crônico de alguns medicamentos, como corticoides e certos quimioterápicos
- reação descontrolada do sistema imune contra infecções virais
- obesidade, que provoca resistência das células à ação da insulina
Já o diabetes tipo 2, menos comum em crianças, está mais diretamente associado com a obesidade infantil, falta de exercícios físicos e de uma alimentação equilibrada (DM2).
Quais são os sintomas de diabetes infantil?
Os sintomas de diabetes não aparecem na fase da pré-diabetes, por isso, fique de olho na saúde da criança que apresenta os seguintes sinais:
- Aumento da sede: a criança bebe muita água e mesmo assim continua sedenta;
- Vontade de urinar toda hora: com tanta água, pode até rolar xixi na cama;
- Fome de leão: o apetite aumenta excessivamente;
- Perda de peso: a criança come muito, mas não engorda e o peso cai;
- Cansaço, fraqueza, sonolência e fadiga: essa apatia pode ser sinal de que as células do corpo não estão transportando a quantidade necessária de açúcar que a criança consome para se tornar energia;
- Mudanças repentinas de humor: a situação pode causar o aumento do nervosismo e irritabilidade da criança.
Já percebeu que o diabetes gera situações opostas? Exemplo: a criança come muito mas não tem energia.
Náuseas, vômitos, coceiras e dificuldade de cicatrização também podem ser sintomas de diabetes.
“O DM2 pode ser assintomático em seu início e evoluir de forma discreta. Já o DM1 manifesta-se de forma aguda”, acrescenta Aline.
Notou um ou mais desses sinais na sua criança? Não perca tempo e dê um alô para o(a) pediatra!
E quais são os sintomas de pré-diabetes infantil?
Se a criança estiver com algum tipo de comportamento fora da normalidade, pode ser um sinal de que a saúde não está bem. Confira alguns indícios:
- Sonolência e cansaço
- Visão embaçada
- Boca seca e sede frequente
- Irritabilidade e mudanças no humor
- Vontade de urinar constantemente e infecções
Metade das crianças com pré-diabetes têm um parente de primeiro grau com a doença, então, é bom se atentar ao histórico familiar.
Como acontece o tratamento de diabetes infantil?
A partir do diagnóstico dado pelo médico ou médica pediatra, o tratamento começa.
O diabetes do tipo 1 é tratado com injeções de insulina, já que o corpo não produz esse hormônio. Junto a isso, é indicada a prática de exercícios físicos aliada a uma dieta saudável e nutritiva.
Quem tem diabetes tipo 2 geralmente mantém a doença sob controle com exercícios físicos, alimentação saudável e medicamentos por via oral. Mas isso depende da gravidade da doença, porque há casos em que a aplicação de insulina também se faz necessária.
O tratamento deve vir acompanhado de orientações de médicos, sendo que profissionais nutricionistas e psicólogos podem ajudar muito nesse processo.
Diabetes infantil tem cura?
Não, o diabetes não tem cura, pois é uma doença crônica. Mas pode ser perfeitamente controlado, e a quantidade de açúcar no sangue pode chegar aos níveis normais.
Do ponto de vista da medicina, se uma pessoa é diagnosticada com diabetes, será sempre diabética. Isso porque o monitoramento da doença é importante durante o resto da vida, e porque a doença não desaparece.
A criança com diabetes pode ter uma vida normal?
Uma criança diagnosticada com diabetes pode, sim, ter uma vida saudável e feliz. E a ajuda da família é fundamental nesse momento.
Conforme a criança adquire maturidade para entender o tratamento da doença e quais medidas seguir para preservar a própria saúde, ela ganha independência e autonomia nos próprios cuidados.
Tudo isso acontece de forma gradual, não é mesmo? Nesse caso, vale ficar de olho em como a criança está se cuidando, de pertinho.
6 Cuidados de vida para crianças com diabetes infantil
O diagnóstico de diabetes demanda adaptação. Algumas crianças podem perder interesse em algumas atividades de lazer ou escolher não contar para os amigos sobre a doença.
Alguns cuidados podem ajudar a melhorar a qualidade de vida e diminuir os efeitos do diabete. Confira a seguir:
Comer sempre no mesmo horário
O ideal é que as crianças com diabetes façam as seis refeições diárias sempre na mesma hora. Recomenda-se que elas não fiquem mais de 3 horas sem comer. Isso ajuda a estabelecer uma rotina e favorece a programação das aplicações de insulina.
Dieta adaptada
No momento de pensar em uma nova dieta alimentar, é importante contar com o suporte de um nutricionista. Dessa forma, é possível fazer um plano para que pais e crianças saibam quais alimentos podem ser incluídos e quais precisam ser evitados.
Exercícios físicos devem ser incentivados
Praticar exercícios físicos ajuda no controle dos níveis de glicose no sangue e, por isso, são ótimos parceiros no tratamento de diabetes infantil. Futebol, dança, natação, por exemplo, são ótimas escolhas.
A criança precisa participar do tratamento
Que tal deixar a criança segurar a caneta de insulina? Essa participação no tratamento pode fazer com que o processo seja menos doloroso.
Paciência e muito amor
A administração rotineira da insulina pode ser um tanto dolorosa para a criança (especialmente as menores). Por isso, é fundamental que os pais sejam pacientes e amorosos nesses momentos.
Explique o que será realizado e como isso vai ser importante para a saúde dela. Participando dos processos, a criança se sente mais acolhida e importante.
Doces em casa? É melhor evitar
Evite ter em casa bolos, chocolates ou biscoitos, para que a criança não fique com vontade de comer. Aí é importante que os pais também deem o exemplo. Converse com a nutricionista para ter orientações sobre o consumo esporádico desses alimentos.
Como é a alimentação da criança que tem diabetes?
A alimentação saudável é essencial para o bem-estar da pessoa que é diabética.
Aliás, como sublinha Aline Riquetto: "Qualquer pessoa, tendo ou não DM, deve ter a alimentação o mais saudável possível, com baixa ingesta de carboidratos simples, como doces e massas, bem como adequada ingestão de gordura.
Para os pacientes com DM1, uma ferramenta excelente é a contagem de carboidratos.
Funciona assim: a criança com diabetes ingere a quantidade de carboidratos por refeição de acordo com o cálculo realizado pelo médico ou nutricionista. Assim, não tem problema variar os alimentos, desde que a soma resulte no valor total que ela precisa ingerir!
Isso melhora o controle glicêmico, diminuindo a variabilidade da glicemia (o que também contribui para as complicações crônicas do DM). Além disso, permite que, se eventualmente houver uma alimentação mais rica em carboidratos, estes sejam corrigidos de forma adequada”.
As orientações precisam vir do pediatra da criança, pois existem diferentes tipos de diabetes e os cuidados podem variar.
4 dicas para prevenir o diabetes infantil
Assim como em outras doenças, a prevenção e a detecção precoce são peças-chave para a qualidade de vida do paciente. A endocrinologista pediátrica Aline deixa algumas dicas para prevenir o DM2:
- É muito importante manter as crianças fisicamente ativas desde bebês. Existem recomendações de tipo e tempo de atividade física para as diferentes faixas etárias. Vamos fazer a criançada se mexer!
- Diminuir o tempo de tela ajuda a reduzir o risco de sedentarismo. Nesse sentido, até movimentar o corpo dentro de casa já conta! Dançar enquanto ouve música ou fazer pequenas caminhadas semanais com a criança já fazem a diferença.
- Moderar no consumo de doces, guloseimas, sucos, salgadinhos, fast-foods, de forma geral também ajuda na prevenção do diabetes. O tratamento do sobrepeso e obesidade deve ser feito prontamente e seguido por profissionais.
- Seja um exemplo e mantenha uma alimentação saudável. Incentive a família a beber bastante água durante o dia, evitando bebidas açucaradas ou limitando seu consumo a datas comemorativas. Envolva as crianças na preparação de refeições mais saudáveis e leve-as para fazer as compras, ensinando quais são os alimentos mais apropriados à dieta da família.
“Infelizmente, não há medidas que evitem o aparecimento do DM1. Os pais devem estar orientados quanto aos primeiros sinais e sintomas, para que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível, evitando-se as complicações mais graves”, finaliza a especialista.
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