Fraturas em crianças: o que fazer? Veja como lidar com a situação
Lidar com fraturas em crianças é uma coisa que, em geral, a gente aprende no susto. Afinal, a maioria delas acontece de uma hora para outra: a criança está brincando e, de repente, um tropeço ou movimento mal calculado e pimba: braço quebrado! E agora?
O coração dos cuidadores vem até a boca, não é? Mas, calma, reunimos orientações da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia para ajudar você a ter a situação sob controle.
Fraturas em crianças: como identificar?
“Será que quebrou?” é a dúvida que vem depois do tombo. Respire fundo! É importante manter a calma e observar os seguintes sintomas que podem indicar a fratura:
- dor intensa (e fica mais forte quando movimenta ou pressiona a região)
- deformidade visível no local (nem sempre ocorre)
- dificuldade de movimentar (nesse caso, evite forçar)
- edemas (inchaço nem sempre perceptível)
- hematomas (manchas roxas, que sinalizam um sangramento interno)
Apesar da dor ser forte, nem todas as crianças a manifestam a partir do choro: às vezes, ficam assustadas, irritadas ou só evitam movimentar a região afetada. Quando a fratura ocorre nos membros inferiores, elas podem evitar apoiar o pé no chão ou mancar.
Quais são as fraturas mais comuns em crianças?
Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediatrica (SBOP), a maioria das fraturas em crianças está relacionada a quedas em ambientes domésticos.
Os ossos afetados com maior frequência são os membros superiores (mãos, clavícula, punho, antebraço e cotovelo). Por reflexo, essas são as regiões que geralmente usamos como proteção, um escudo mesmo, na hora da queda.
Além disso, também é comum ter fraturas no osso do nariz, quando atingido por bolas durante a prática de algum esporte. Mas, calma, a recuperação do nariz costuma ser bem rápida, 15 dias em média.
O que fazer em caso de fraturas em crianças?
Acha que o osso da criança está quebrado?
A orientação dos ortopedistas é imobilizar o membro na posição em que está. O gelo envolvido num pano ou toalha pode ajudar a aliviar a dor da fratura em criança.
Se houver sangramento, deve-se lavar com água corrente ou soro fisiológico e fazer uma compressão moderada com pano ou gaze limpos para estancar o sangue. E então leve a criança ao pronto-socorro.
No caso de acidentes mais graves, mantenha a criança na posição em que está e chame o socorro de ambulância, através do telefone 192. Isso é importante para que um movimento errado não piore a situação.
Quais são as principais causas de fraturas em crianças?
Como vimos, acidentes e quedas durante brincadeiras e práticas esportivas estão entre as principais causas de fraturas em crianças. Mas não são as únicas.
Algumas doenças ou infecções crônicas podem favorecer as fraturas em crianças também – e precisam ser acompanhadas por equipe médica e ter cuidados redobrados.
Tipos de fraturas em crianças
Você sabia? As fraturas em crianças pode ser classificadas em diferentes tipos:
> Fratura fechada - quando a fratura é apenas interna, não há lesão na pele
> Fratura aberta - a famosa “fratura exposta”, em que há uma ferida na pele que se conecta com o osso lesionado
> Fratura patológica - causada por alguma doença ou infecção que enfraqueceu o osso
> Fratura por estresse - causada pelo esforço excessivo do osso. Geralmente, é a consequência de práticas esportivas intensas pelas crianças
> Fratura desviada - quando os fragmentos ósseos se deslocam
> Fratura galho verde - quando o osso não quebra por inteiro, conhecido como “trincado”, bem comum em crianças
> Fratura articular - quando atinge a articulação, além do osso (a diferença é durante a recuperação e tratamento)
> Fraturas deslocadas - quando o fragmento do osso se desvia e há obstrução de passagem (por exemplo, um tendão fica no meio da fratura)
Como é a recuperação de fraturas em crianças?
O processo de recuperação é individual e depende do quadro da fratura da criança. Mas, em geral, podemos dizer que as fraturas em crianças são de recuperação muito mais rápida do que a dos adultos.
No hospital, a criança deve passar por uma avaliação clínica e fazer um exame de raio-x do membro machucado.
O tratamento mais comum é a imobilização do membro, com gesso, tala ou órteses (uma espécie de bota ou luva ortopédica). Isso permite a reconstituição do osso sem maiores intervenções. A duração varia muito, de semanas a meses.
Em alguns casos, pode haver a necessidade de uma redução, que é uma manobra dolorida, porém rápida, para colocar o osso no lugar. Essa redução pode ser feita com ou sem anestesia, conforme avaliação da equipe médica e da família.
Por fim, existem fraturas em crianças que exigem uma cirurgia. Nesses casos, são usados pinos, placas ou fixadores para posicionar corretamente os fragmentos da fratura para o posicionamento de fragmentos. Lesões que afetam a articulação, a placa de crescimento, fraturas expostas e casos com ferimento da artéria também podem requerer um procedimento cirúrgico.
A boa notícia é que por terem ossos ainda mais elásticos e ainda não totalmente formados, as crianças contam com o fenômeno da remodelação óssea. Isso permite uma recuperação mais rápida que a dos adultos.
Como cuidar da criança com fratura?
Para uma boa recuperação é preciso seguir as orientações médicas sobre período de imobilização e demais cuidados:
- No caso do gesso, ele pode levar de dois a três dias para secar bem. Nesse período, o cuidado deve ser redobrado para evitar que o material rache ou quebre.
- É importante verificar se a criança consegue mexer as extremidades com facilidade. Peça para ela fazer movimentos com os dedos dos pés e das mãos para ativar a circulação.
- Elevar a extremidade imobilizada acima do nível do coração ajuda a melhorar o inchaço e alivia a dor.
- Observar o aspecto da pele e da saúde em geral da criança durante o período da imobilização.
- Não molhar o gesso (usar saco plástico na hora do banho é uma boa medida).
- Não bater no gesso ou com o gesso.
- Levar de volta ao pronto-socorro em caso de aumento progressivo da dor, inchaço acima ou abaixo do gesso, formigamento ou alteração da sensibilidade, palidez na pele, febre ou mau-cheiro no gesso.
- Se o inchaço reduzir o espaço entre a pele e o gesso, deixando muito apertado, é preciso levar ao hospital para abrir.
Em climas quentes, é comum sentir coceira no membro imobilizado. Mas é importante evitar colocar objetos pontiagudos dentro do gesso, pois podem machucar e infeccionar a pele. Se a coceira for muito intensa, um truque é colocar o secador de cabelo na temperatura fria para aliviar o desconforto (não usar na função quente).
Além disso, deve-se cuidar para que as crianças não coloquem nenhum outro tipo de objeto por brincadeira lá dentro. Pomadas e talco também não são recomendados por poderem irritar a pele.
Depois da retirada do gesso, tipoia ou bota ortopédica, pode ser necessário o acompanhamento com fisioterapia para a reabilitação de movimentos após a fratura em crianças. Mas essa não é a regra. O ortopedista responsável deverá solicitar nova avaliação clínica e exames para ver se está tudo certo.
A partir daí, ele pode liberar a criança para retomar as atividades que ela estava acostumada!
Fraturar um osso nunca é legal – e ver nossos pequenos sofrendo com isso, menos ainda. Mas acidentes acontecem, e é importante termos calma e informação de qualidade para lidar com esses sustos.
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