Retinoblastoma: o que é, sintomas e como tratar
Apesar de ser um tipo de câncer na retina raro, o retinoblastoma ganhou grande repercussão quando os jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin falaram publicamente sobre a doença da filha Lua, de menos de 2 anos de idade. O vídeo gravado por eles traz um alerta sobre a saúde ocular infantil.
Já ouviu falar do assunto? Neste texto, vamos aprender um pouco sobre a doença, mas também conhecer cuidados importantes com a saúde dos olhos das crianças em geral, independentemente de sintomas.
Retinoblastoma: o que é?
O retinoblastoma é um tipo de tumor maligno que se origina nas células da retina, localizada na parte de trás do olho. Considerado um tipo raro de câncer, corresponde a cerca de 2 a 4% das neoplasias da infância.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Ocular, 90% dos casos de retinoblastoma ocorrem em crianças de até 5 anos.
O tumor pode afetar um ou os dois olhos. Os principais sintomas do retinoblastoma são a leucocoria (também chamada de “olho de gato”), perceptível quando se forma um reflexo branco na pupila em fotos com flash, e o estrabismo.
Retinoblastoma: sintomas
Os retinoblastomas são frequentemente diagnosticados porque os pais ou o pediatra percebem alguma anormalidade no olho da criança. O principal sintoma é o reflexo pupilar branco – o sinal mais frequente da doença.
Esse brilho branco no olho geralmente é percebido em fotos tiradas com flash e também pode ser observado durante um exame oftalmológico de rotina. Mas podemos considerar também outros sintomas, como:
- Reflexo pupilar branco
- Dor nos olhos
- Íris com cores diferentes
- Falta de contração da pupila em contato com a luz
- Estrabismo (quando os olhos apontam para direções diferentes)
- Abaulamento dos olhos (alteração na forma como o olho se move dentro da órbita)
- Sangue na parte anterior do olho
- Cor vermelha na parte branca do olho
Retinoblastoma: estadiamento
Muita gente tem curiosidade para saber o "grau" da doença. No caso do retinoblastoma, se chama de "estadiamento", e ele descreve aspectos do câncer, como localização, se disseminou e se está afetando as funções de outros órgãos do corpo. Conhecer o estágio do tumor ajuda a definir o tipo de tratamento e a prever o prognóstico do paciente.
Retinoblastoma intraocular. Quando ainda está contido no olho.
Retinoblastoma extraocular. Quando se disseminou para a cavidade ocular.
Nesse sentido, os cânceres extraoculares podem ser divididos em retinoblastomas orbitários, que se disseminaram apenas para o receptáculo ocular, e metastáticos, que se disseminaram para outros órgãos, como cérebro ou medula óssea.
A maioria dos retinoblastomas é diagnosticada antes de se disseminar para fora do olho, então os sistemas de estadiamento se aplicam apenas ao retinoblastoma intraocular. Existem dois sistemas de estadiamento para retinoblastoma intraoculares. É importante saber que, independentemente do estadiamento, quase todas as crianças com retinoblastoma intraocular podem ser curadas se forem tratadas adequadamente.
Retinoblastoma tem cura?
Após o diagnóstico, o médico discutirá com a família quais são as melhores alternativas para tratar a doença na criança.
Os principais tipos de tratamento para retinoblastoma são cirurgia, radioterapia, terapia a laser (fotocoagulação ou termoterapia), crioterapia e quimioterapia. Às vezes, mais de um tipo de tratamento pode ser usado. As opções terapêuticas são baseadas em diversos fatores como, por exemplo, em que estágio está o retinoblastoma.
Os objetivos do tratamento para o retinoblastoma são: curar a doença, preservar os olhos e a visão tanto quanto possível, e limitar o risco dos efeitos colaterais que podem ser provocados pelo tratamento, particularmente um segundo câncer em crianças com retinoblastoma hereditário.
Diagnóstico retinoblastoma
Se notar qualquer um dos sintomas, é importante consultar um oftalmologista pediátrico antes mesmo da consulta de rotina.
O diagnóstico do retinoblastoma é feito por meio de um exame chamado mapeamento de retina ou exame de fundo de olho.
Importante: quando o retinoblastoma é bilateral (se ocorre nos dois olhos), é recomendado fazer um acompanhamento mais rigoroso ao longo da vida. Isso porque pode haver uma predisposição genética para limitar a produção da proteína chamada RB. É ela que previne o crescimento desordenado de células; por isso, sua ausência leva à formação de tumores.
Retinoblastoma: tratamento
Após o diagnóstico de um retinoblastoma, a criança será atendida por uma equipe multidisciplinar e o tratamento será individualizado. Ou seja, a forma e a intensidade do tratamento dependerão das características e do estágio do tumor.
Há várias formas de quimioterapia para tratar o retinoblastoma, além de poderem ser utilizadas técnicas como a radioterapia, tratamentos localizados e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos.
As chances de sucesso no tratamento são altas, principalmente se o diagnóstico for precoce. Por isso, reforçamos a importância de fazer consultas regulares ao pediatra e investigar qualquer suspeita de algo irregular nos olhos da criança.
Como em qualquer caso de câncer em crianças pequenas, é preciso cuidado e leveza na hora de conversar com as crianças e conduzir o tratamento. Mas sabemos que não é fácil manter-se forte. Por isso, mães e pais também precisam cuidar de si, contar com uma rede de apoio e, se possível, acompanhamento psicológico.
A importância dos cuidados com a saúde ocular na infância
Mesmo que não haja sintomas, é fundamental fazer um acompanhamento de rotina com um oftalmologista pediátrico – e isso começa muito cedo, bem antes da idade escolar.
Na verdade, o cuidado com a saúde ocular da criança começa desde o pré-natal. Isso porque alguns exames feitos durante a gravidez ajudam a identificar e prevenir o risco de problemas na visão do bebê.
- Até 72 horas após o nascimento, ainda na maternidade, é realizado o teste do olhinho (teste do reflexo vermelho). O teste é indolor e permite detectar quaisquer alterações que possam obstruir a visão, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas.
- A Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria recomenda que os bebês façam o primeiro exame oftalmológico completo ainda no primeiro ano de vida. O próximo exame oftalmológico deve ser feito entre os três e cinco anos (preferencialmente três, orienta a SBO) – ou sempre que perceber algum sintoma estranho ou receber a indicação do pediatra.
A consulta preventiva permite avaliar se há algum problema de refração, estrabismo ou alteração no fundo do olho que possa afetar a qualidade da visão. Por volta dos seis meses, já é possível avaliar se a criança precisará de óculos, por exemplo.
Detectar e tratar precocemente é importante para que a área do cérebro responsável pela visão se molde de forma adequada – evitando problemas futuros. Além disso, a consulta preventiva ajuda a identificar doenças mais sérias como o retinoblastoma, que vimos aqui.
Casos de grande repercussão, como o da filha do apresentador Tiago Leifert, podem acionar inseguranças em mães e pais, mas servem de alerta para todos nós. Tanto nas suspeitas de retinoblastoma como de qualquer outra doença, vale reforçar a recomendação: fazer acompanhamento pediátrico e oftalmológico e sempre prestar atenção aos sinais que o corpo dá.
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