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Para mães e pais 
em fase de crescimento.

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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Confiança e crescimento conquistados na base da escuta

Samara Felippo SF
A foto mostra uma criança nas costas das mães sorrindo enquanto estão em um ambiente aberto

Apesar do processo de diálogo parecer simples, poucos de nós realmente sabem se comunicar efetivamente, principalmente com nossas crianças. Errei muito na correria da vida, não validando sentimentos e deixando de escutar minhas filhas por achar que era “bobagem”, ou que só as ouvir já bastaria. Não é, não basta. Olho pra trás e lembro quantas vezes, com elas ainda pequenininhas, eu repeti essa frase: “fala, tô te ouvindo”. Escutar vai muito além de ouvir seu filho.

Hoje, se não fosse minha atenção pra essa escuta ativa, eu não teria percebido o quanto minha filha mais nova ficou incomodada e chateada com um episódio da escola e precisou de mim. E tantas outras situações que, se eu tivesse deixado passar sem as escutar, talvez criasse algumas lacunas entre nós.

A escuta ativa cria uma relação de confiança

Nesse episódio, a Lara chegou muito chateada da escola e ficou quieta no sofá. Eu fui logo conversar com ela pra saber o que tinha acontecido. Ela tinha ouvido o melhor amiguinho da escola dizer pra um outro colega que “gostava de tocar nas partes íntimas das meninas”. Tudo que ela me dizia era o quanto tinha ficado desconfortável por ter ouvido aquilo, e que depois ele havia a chamado para ir ao banheiro e mostrar sua parte íntima. Ela me disse que negou ter ido com ele, eu perguntei cada sentimento que tinha passado por ela. Ela foi me explicando e percebi que tudo o que conversamos e trocamos em casa está nela. Seus limites, suas vontades, saber dizer não e não julgar. Até porque trata-se de um menino reproduzindo o que lhe foi ensinado. Respirei feliz. Vi que ela está crescendo e conseguindo expressar seus sentimentos.

Descobertas e falas de crianças precisam ser escutadas e conversadas, claro. Tive uma conversa com os pais do menino e tudo o que minha filha contou tinha sido verdade. O resultado? Mais confiança e parceria entre eu e ela, além de reforçar a importância de uma educação sexual desde a infância, um assunto tão banalizado e considerado tabu na nossa sociedade. Um tipo de problema que, mais uma vez, pode ser resolvido conversando e escutando.

Escutar parece pouco?

Hoje aprendi a validar cada emoção, conflito, raiva, escolha. Aprendi também que, além de dar voz a ela, futuramente, ela que é escutada, aprenderá a escutar. Às vezes, escutar o que nossas crianças precisam dizer não leva nem 5 minutinhos do nosso dia. E mesmo que leve, vale muito a pena.

Sempre achamos que, para provar nosso amor e cuidado, se fazem necessários grandes gestos, né? Mas essa simples escolha de parar tudo o que estamos fazendo e prestar atenção em uma das pessoas mais importantes da nossa vida pode fazer toda a diferença para a criança, e para o protagonismo da sua vida.

Escuta ativa dividida (ou multiplicada?) por dois

Quando a Lara nasceu, Alícia tinha 4 anos e a vida dela deu uma reviravolta. Além de os pais estarem se separando, ela estava “perdendo” o trono de filha única. A partir daquele momento, ela teria toda a atenção, as vontades e o tempo divididos com a irmã. E, cá entre nós, quando um segundo filho nasce, não temos plena consciência e sabedoria de como dividir esse tempo. Não sabemos como administrar todas as emoções e demandas que o segundo filho nos traz. Por isso, acredito que essa escuta ativa seja tão importante para o nosso crescimento como pais e mães.

Fui escutando a Alícia e senti nela o medo da rejeição, da falta de tempo da mãe, e fui fazendo ela participar de cada momento da irmã, fazendo ela sentir amada e querida, útil e amiga. Muitas vezes, ela me pedia para dormir no tapetinho do quarto enquanto eu amamentava a Lara – ela até vivia me pedindo pra segurar a irmã.

Escuta ativa para crescer junto

Como eu sempre digo em todos os meus posicionamentos, falas, publicações nas redes sociais, nos meus projetos, nas minhas peças... Exercer o papel de mãe é um trabalho contínuo, de todas as horas e todos os dias.

É vivenciar todas as fases de crescimento de outro ser humano, que precisa de você, que se espelha em você. É também vivenciar o nosso crescimento, olhar para os nossos erros, como mães ou cuidadores de crianças, pois não sabemos de tudo e nunca saberemos.

É preciso estar preparado para ouvir o que não quer

Escutar nossas crianças é o primeiro passo de crescimento que qualquer mãe, pai, avó ou cuidador de criança precisa ter coragem de dar. Digo coragem porque, na maioria das vezes, não vamos ouvir o que queremos ou o que desejamos para nossos filhos, como aconteceu com a Lara.

Ela precisa também ter autonomia sobre suas escolhas e decisões. Vamos ouvir falas carregadas de medo, de tristeza, de chateação, que nos farão querer pegar nossos pequenos e colocar num potinho ou debaixo dos nossos braços, na tentativa de protegê-los do mundo. Mas ser mãe exige essa coragem de deixar os filhos descobrirem o mundo e aprenderem com suas experiências – sempre com a nossa orientação.

Eu sempre a escutei, e que bom que fiz isso! Cometi erros? Óbvio, todos cometemos, mas, nesse cai e levanta que é a maternidade, vamos aprendendo.

E você? Você já reparou se tem escutado de verdade seu filho?

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