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Meu filho tem um tique, devo me preocupar?

Baby and Me BM
A foto destaca o rosto de uma menina fazendo caretas. A imagem remete ao tema de tique em crianças

Quando a criança começa a piscar repetidamente ou a dizer palavras e frases fora do contexto, muitos pais começam a se preocupar. Embora seja difícil separar o que é lúdico do que não é, deve-se considerar a possibilidade de certos comportamentos não serem apenas hábitos: podem ser tiques. 

Mas, afinal, é preciso ficar preocupado com isso? A seguir, saiba mais sobre o tema para decidir se é preciso procurar um especialista para acompanhar a criança que apresenta tiques.

O que são tiques?

Os tiques são comportamentos súbitos, involuntários e repetitivos. Tais comportamentos aparecem em várias idades, podendo surgir ainda na infância. Começam geralmente por volta dos 7 anos de idade, e a tendência é que diminuam na idade adulta.

Divididos entre os verbais e os de tipo motor, os tiques não costumam ser rítmicos (não é possível cronometrá-los). Por trás deles, existem disfunções neurológicas que envolvem alterações no neurodesenvolvimento e em neurotransmissores cerebrais e a genética. 

Quando diferentes tiques motores aparecem em grande quantidade, associados a vocalizações incontroláveis, podemos estar diante da síndrome de Tourette, um transtorno que se caracteriza por tiques motores e vocais crônicos (leia mais abaixo).

Os tiques nervosos começam com uma sensação desagradável que se acumula no corpo até ser aliviada pelo próprio tique. Em alguns casos, essa vontade pode ser parcialmente suprimida. Tende a piorar quando alguém toca no assunto, quando a manifestação é colocada em evidência na conversa.

Quais são os tipos de tique?

Existem diversos tipos de tiques. De um lado, temos os que afetam os movimentos do corpo (motores); do outro, os que envolvem um som (vocais ou fônicos). Confira exemplos de tiques transitórios:

  • Piscar, franzir o nariz ou fazer careta
  • Sacudir ou bater a cabeça
  • Estalar os dedos
  • Ficar tocando coisas ou pessoas
  • Tossir, grunhir ou cheirar
  • Repetir um som ou uma frase, podendo incluir obscenidades e expressões ofensivas

Quando os pais devem ficar atentos?

Meu filho tem um tique, e agora? O primeiro passo é tentar identificar, dentro do núcleo familiar, o que a criança vem sentindo. Ela pode estar comunicando que alguma coisa não vai bem. Nesse sentido, é importante tentar decifrar essa emoção, ajudando o filho a nomeá-la e pedindo para que ele se expresse. Isso pode se dar por meio de uma brincadeira ou de um desenho.

Caso uma conversa não seja o suficiente, talvez seja necessário intervir de outras maneiras. É preciso ficar alerta quando o tique começa a ficar muito frequente e quando ele acaba expondo a criança às demais de uma forma negativa.

Quando os tiques são muito intensos ou comprometem os contatos sociais e desempenho escolar, é fundamental procurar ajuda. Quanto mais precoce for a intervenção, melhores serão as possibilidades de recuperação.

De acordo com os especialistas do Hospital infantil do Texas (EUA), o cenário fica mais preocupante quando o tique começa a se apresentar várias vezes ao dia. Quando isso acontece, os pais ou cuidadores devem buscar avaliação médica e/ou psicológica, para que o profissional consiga verificar o que pode estar causando o tique.

Durante as consultas de rotina com o pediatra, deve-se verificar o histórico da criança e se há algum fator externo influenciando para que o tique ocorra, para em seguida pensar no tratamento.

Qual é a diferença entre o tique e a síndrome de Tourette?

O tique comum, ou transitório, é muito frequente na infância. Trata-se de uma manifestação que tende a desaparecer naturalmente. Nesse sentido, os pais não precisam se preocupar se virem as crianças piscando os olhos, botando a língua para fora ou repetindo algum movimento incomum. Porém, se o problema persistir por mais de um ano ou começar a incomodar na escola, por exemplo, pode-se pensar na possibilidade de síndrome de Tourette.

A síndrome de Tourette tem sempre uma vocalização associada ao tique motor. Fungar ou fazer barulho com a garganta são exemplos de tiques vocais ou fônicos simples. Os complexos são mais elaborados, como a repetição de sílabas ou palavras ou mesmo de palavrões. Não se tem ainda uma explicação para esse fenômeno, mas é provável que fatores hormonais e genéticos estejam envolvidos.

A presença de tiques pode sugerir a existência de algumas doenças como as apresentadas acima. Mas, antes de qualquer diagnóstico, é importante conversar com o pediatra que acompanha a criança e investigar mais a fundo esse sintoma.

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