Aprender no Ninho: Gisele, Sara e tudo aquilo que as crianças podem nos ensinar
Quando recebeu o resultado para síndrome de Down de Sara, 30 dias após seu nascimento, Gisele chorou de alívio. Para alguém acostumada a planejar cada fase do primeiro filho, Rafael, o diagnóstico foi uma libertação.
A ansiosa Gisele aprendeu na prática que cada aprendizado tem seu tempo, e cada pessoa também. Sara ensinou para a mãe que não é somente ela que é diferente, mas todos são. E essa não foi a única lição aprendida com o nascimento da filha.
Aos 4 meses, a menina passou por uma cirurgia cardíaca, mudando para sempre a forma como Gisele encara a vida: “Ali eu me transformei em outra pessoa, ali eu dei valor para muitas outras coisas”.
Como mãe, ela também passou por um processo de desconstrução de suas expectativas, enquanto também lidava com as expectativas de fora. Muitas famílias ficam ansiosas pelos primeiros passos, pelas primeiras palavras, se questionando se existe algo errado com o tempo da criança.
No caso de Sara, foi preciso esperar. “Ela faz fono há 5, 6 anos. Eu achava que ela nunca ia falar e ela se desenvolveu muito na fala. Não é perfeito, mas fala bem. E o que é perfeito, né?”
Se com o primeiro filho, Gisele vivia e reproduzia as “regras” impostas para uma criação cheia de metas a serem cumpridas, Sara ensinou à mãe a beleza da individualidade e do momento de cada um.
Ao acompanhar o desenvolvimento psíquico e motor das crianças, é necessário buscar equilíbrio. As dificuldades e limitações precisam de atenção, de amparo e, algumas vezes, de tratamento médico. Mas também existe o ritmo individual, em que estímulo e paciência são fortes aliados.
O mesmo se aplica para uma criança com síndrome de Down, como a Sara. Onde há um cromossomo a mais, também há aprendizado mútuo de sobra.
Entre as tantas descobertas que a maternidade traz, a que podemos aprender com os filhos é uma das mais belas. Conheça a história de Sandra que aprendeu a ler e escrever com Damião, seu filho, quando ele tinha 7 ano.