Chegou o bebê: como lidar com dicas não solicitadas
A família está aumentando? Você já deve ter percebido que, junto com o bebê (e até antes dele), chegam os palpites na maternidade (e na paternidade). De familiares a desconhecidos em salas de espera, os famosos pitacos vêm de todos os lados:
Você não acha que esse bebê está grande demais para mamar?
Cuidado! Colo demais deixa a criança mimada!
Tá frio, né? Bota mais roupa nessa criança!
Feliz ou infelizmente, não é possível seguir o ditado popular e dar um gato a cada palpiteiro de plantão – para que eles tenham outras sete vidas para se preocupar antes de cuidar da sua.
É… nem sempre mães e pais estamos com paciência para lidar com tantos pitacos. Mas, não se preocupe, vamos encontrar soluções viáveis, juntos.
Contra excesso de palpites na maternidade: informação neles
A melhor defesa contra perguntas indiscretas são respostas diretas. Por isso, o primeiro passo é munir-se de informações. Se você está pesquisando, é porque tem se preparado para esse momento e vai sentir mais segurança quando os palpites surgirem.
Busque conhecimento
Parentar não é tarefa fácil – é uma função carregada de responsabilidades. É bem verdade que o instinto é seu aliado na criação de seres humanos felizes, mas é bom ter como provar seu ponto de vista: traz mais segurança à caminhada.
Para isso, busque fontes seguras, como sites confiáveis, livros e pessoas que são autoridade nos assuntos que lhe interessam. Mantenha contato com profissionais, como o pediatra, que saibam lhe guiar nessa jornada e sanar as dúvidas que inevitavelmente vão aparecer.
E, claro, você pode sempre contar com a gente!
Tenha segurança das suas decisões
O bombardeio de palpites e perguntas indiscretas pode minar nossa segurança. Por isso, guarde este mantra: “Se estou tomando decisões informadas, estou no caminho certo”.
Ter educação, sim. Impor limites, também.
Os palpites na maternidade e na parentalidade em geral estão recheados de boas intenções. E é muito honrável querer demonstrar gratidão àquelas pessoas que estão sempre dispostas a ajudar. Além disso, é compreensível não querer que te interditem por dar aquela resposta que você realmente gostaria para a senhorinha no corredor do supermercado. Mas delimitar papéis é essencial, pelo menos à sua própria saúde mental.
Um ponto importante na hora de decidir como lidar com os palpites e perguntas indiscretas é de onde – e de quem – eles partem:
Avós, avós. Educação à parte.
Quem nunca ouviu que “papel de vô e vó é estragar, mesmo”? Você pode concordar ou discordar disso, e vocês podem estabelecer que na casa do vovô e da vovó as regras sejam mais maleáveis. Nesse caso, é importante deixar bem claro: é na casa do vovô e da vovó que isso acontece.
Refrescar a memória dos avós pode ser uma boa saída. Eles já foram pais, já tiveram a oportunidade de botar em prática todas as crenças e conhecimentos. Agora é sua vez de acertar, de errar, tentar de novo, repetir estratégias deles, experimentar novas táticas.
Abrace as dicas bem-intencionadas, acolha as ideias deles. Acrescente um toque de “boa ideia, talvez eu tente da próxima vez, mas no momento vou fazer as coisas do meu jeito”.
Quem tem amigos, tem… tudo?
Eles não têm qualquer obrigação social de te ajudar. Ainda assim, lá estão eles: uma importante rede de apoio. Eles aguentam você falando de cor de cocô e marca de fralda. Também não se importam com sua camiseta com mancha de leite regurgitado e te avisam se o peito está começando a vazar.
Mas é importante reforçar que isso não dá a eles o direito de dar pitacos ou de fazer perguntas indiscretas: é preciso haver limite. Eles podem cuidar do bebê para você espairecer ou te levar para pegar um ar, por exemplo – desde que você queira.
Muitas vezes, a chegada de uma criança faz com que sintamos falta de sermos adultos. Mas também é possível que você esteja naquele momento em que cheirinho de bebê é o melhor lugar do mundo e você não o trocaria por nada.
É bacana reconhecer a boa intenção e agradecer, mas deixar claro que agora sua ideia de diversão pode ser outra, e está tudo bem também.
Família, ê. Família, a. Família.
Familiares são nossos primeiros amigos no mundo. Irmãos e irmãs, tias e até primos distantes estão no nosso álbum de fotos antes mesmo de nós estarmos lá. Famílias vêm em diversos formatos: podem ocupar um sofá ou encher a casa, por exemplo. Existem aquelas que te acolhem, sem julgamentos ou maiores questionamentos.
Por outro lado, é possível que reuniões de família sejam um pesadelo para você. A família muitas vezes está naquele limbo: nem tão próximos que você possa usar daquela honestidade bruta, nem tão distantes que você possa só ignorar.
Nesse caso, é importante filtrar quais são as pessoas com as quais vale a pena discutir, e quem são aquelas com quem você pode usar de técnicas mais evasivas.
Quer algumas dicas de como escapar de palpites e perguntas indiscretas com elegância? Fique com a gente mais um pouquinho.
E o que falar sobre pitaqueiros desconhecidos?
Se você não deve satisfações às pessoas que estão te acompanhando de perto nessa jornada complexa e maravilhosa que é ter filhos, por que ocupar seu tempo com pessoas que você nunca viu – e provavelmente nunca volte a ver?
Sorria e acene: 4 formas de lidar com palpites na maternidade
Aqui, vale se questionar até que ponto você quer defender sua perspectiva e forma de criação. Às vezes, vale mais a pena manter a paz de espírito.
Uma saída é se perguntar:
Essa pessoa vai saber se eu adotei a dica preciosa dela?
Nem sempre a pessoa está por perto para garantir que você está realmente botando todos aqueles conselhos em prática.
Nesse caso, uma boa tática é dizer “Nossa! Que ótima ideia!”, virar as costas e nunca mais pensar nisso. Quem vai te julgar? Só para deixar claro: nós não vamos.
Frases que substituem o clássico “quem te perguntou”?
Já falamos da importância de manter a educação e da necessidade de impor sua posição. Deve haver uma forma de conciliar as duas coisas. Aqui vão algumas ideias:
- Nossa! Nunca tinha pensado nisso, agradeço demais. - E então você volta a nunca mais pensar sobre o assunto.
- Eu tenho outra ideia em relação a isso, mas vou pesquisar. - Depois disso, pesquisar ou não pesquisar – apenas você pode dizer se vale a pena.
- Você parece muito confiante sobre esse assunto! Pode me passar algumas fontes? - Aqui o importante é deixar claro que não é o argumento que importa, mas de onde ele vem.
- Muito boa essa dica! Vou sugerir ao pediatra na próxima consulta. - Apostamos que são poucas as pessoas que seguirão argumentando depois dessa.
Sempre é possível declinar dos palpites pedindo ajuda em vez de comprar briga. Em vez de “não é para dar doces antes dos 2 anos!”, tente “quero evitar dar doces antes dos 2 anos, talvez você possa me ajudar”. Dessa forma, não só você garante que essa pessoa se sinta útil, como a envolve no processo.
E se o palpite for útil? Por que não abraçar novas ideias?
Sim, eventualmente palpiteiros podem estar certos. E perguntas indiscretas às vezes são só… indiscretas. Embora alguns palpites sejam realmente absurdos, outros podem até fazer sentido. Brincamos com as perguntas logo acima, mas sempre é possível pesquisar de verdade se aquele conselho tem fundamento.
Observe também como você se sente em relação ao que foi dito. Se fez sentido para você, não há problemas em recalcular rotas. Mas se não fez e só causou desconforto, use e abuse das dicas que você viu aqui.
Às vezes pode ser difícil conciliar os ideais de criação justamente com quem compartilha a parentalidade conosco. Nesse caso, a gente te ajuda aqui: O que é coparentalidade? 9 dicas para gerenciá-la lindamente.