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Sonambulismo infantil: como ajudar uma criança sonâmbula?

Ninhos do Brasil NB
criança se esconde atrás de cabeceira de cama em quarto infantil, rosto com expressão assustada.

Você já escutou o termo sonambulismo infantil? A hora de dormir, de descansar após um intenso dia de brincadeiras e aprendizado, nem sempre é tranquila em todas as casas. 

Algumas crianças apresentam distúrbios do sono que podem preocupar as famílias. Um desses casos é o sonambulismo infantil, distúrbio que atinge crianças e demanda atenção especial dos cuidadores para garantir a qualidade do sono do pequeno.

Neste texto, vamos conversar um pouco sobre o sonambulismo infantil. É comum? Qual especialista procurar? Como lidar? Por que acontece? Tire suas dúvidas e saiba como agir. 

É normal a criança ser sonâmbula?

Pode ser novidade para muitos, mas o comum é que o sonambulismo apareça justamente na infância e diminua na vida adulta. Segundo pesquisa divulgada em 2015 pelo JAMA Pediatrics, a taxa de prevalência do sonambulismo nas crianças entre 2 e 13 anos é de 29,1%. Já nos adultos, essa taxa fica em 2,5%. 

Isso se deve justamente pela imaturidade do sono da criança. A pesquisa aponta também que filhos de pais e mães com sonambulismo têm sete vezes mais chances do que seus pares de desenvolver o distúrbio.

O sonambulismo está diretamente ligado ao processo de desenvolvimento e maturidade do cérebro. Por isso, é comum que os episódios diminuam com o passar do tempo e cessem até os 13 anos de idade. 

Afinal, o que é sonambulismo infantil?

Classificado como uma parassonia, o sonambulismo aparece durante o estágio mais profundo do sono, não REM. O primeiro estágio do sono é a fase de sonolência, quando a pessoa começa a relaxar e ter os primeiros sinais de sono. Nessa etapa, é possível despertar quem está dormindo com facilidade. 

No estágio 2, os músculos relaxam, a temperatura do corpo cai e se desperta com mais dificuldade. No estágio 3, o sono sai um pouco da profundidade. E no último estágio, que dura cerca de 40 minutos, o sono é bem profundo. Durante a noite, nosso sono passa por todas essas fases, como em um ciclo contínuo. 

Por isso, em alguns momentos, despertamos mais rapidamente e em outros estamos com mais sensação de relaxamento. Na criança sonâmbula, esses estágios de sono ocorrem fora da ordem convencional, de forma desorganizada. 

Durante os episódios de sonambulismo, a criança realiza atividades motoras sem consciência do que está fazendo. Isso acontece porque uma parte de suas funções cerebrais continuam adormecidas e ela fica no estágio de transição entre sono e vigília. 

É comum que os sonâmbulos não se recordem do que fizeram durante a manifestação do transtorno. Então, não se assuste caso seu filho pareça acordado andando pela casa de madrugada, mas esteja com os olhos abertos e um “olhar vazio”. Essa é uma característica clara do sonambulismo infantil. 

A criança pode realizar atividades comuns do seu dia a dia, como brincar, comer, assistir TV, tudo sem plena consciência. Ela também pode falar frases ou palavras desconexas durante o período de sono. O episódio costuma acontecer nas duas horas posteriores ao início da hora de dormir.

E o que causa o sonambulismo infantil?

Muito tem sido estudado sobre as causas do sonambulismo. Além do fator hereditário, acredita-se que o sonambulismo infantil está ligado à imaturidade do cérebro. 

Outros fatores podem ajudar a desencadear o sonambulismo, como estresse, alteração na rotina e horário do sono, dormir menos horas do que o esperado para a idade, febre e uso de remédios. 

A falta de um ambiente adequado para o relaxamento, como com pouca luminosidade e ruídos, também podem gerar episódios de sonambulismo. A hiperestimulação com o uso excessivo de tecnologias é uma grande vilã da qualidade do sono.

Ansiedade e problemas no dia a dia também podem ajudar a piorar o sono e causar episódios como o de sonambulismo infantil. Por isso é importante acompanhar de perto a rotina do filho, conversar sobre os acontecimentos e entender os momentos que ele passa.

Sonambulismo infantil: quais são os sintomas?

Os episódios de sonambulismo infantil podem acontecer nas duas primeiras horas do sono e levam de segundos a meia hora. 

A criança realizará atividades que está acostumada no dia a dia, porém sem despertar. Os olhos podem continuar abertos, mas “vazios”, sem fixar o olhar, pois ela segue dormindo. Apesar da aparência de desperta, a criança não costuma apresentar sinais durante o dia de falta de sono, como cansaço extremo ou dificuldade para se concentrar.

Em alguns casos, durante os episódios de sonambulismo, a criança pode sentar ou levantar na cama, falar algumas palavras que não fazem muito sentido para os pais e voltar a dormir. 

Em outros, ela levanta e “perambula” pela casa. Pega objetos, muda de cômodo, liga eletrônicos. É por causa dessa possibilidade da criança andar pela casa que é preciso tomar alguns cuidados com o filho sonâmbulo. 

Meu filho está tendo episódios de sonambulismo. O que fazer?

Um dos maiores cuidados que é preciso ter é com a segurança da criança. Como o episódio pode ser silencioso e os pais não despertarem, é preciso se cercar de cuidados pela casa. Portas e janelas devem estar fechadas, com a chave fora do alcance. As janelas ou qualquer outro obstáculo precisam de tela de proteção.

Tesouras, facas ou outros objetos cortantes e que ofereçam perigo devem ser mantidos trancados ou longe do alcance das crianças. É preferível que os pequenos que apresentem sinais de sonambulismo durmam em camas no chão, andares térreo e fora do beliche. 

Ao contrário do que se diz no imaginário popular, não há problema em despertar uma pessoa que esteja passando por um episódio de sonambulismo. Mas como é uma ação que cessa de forma espontânea, pode-se simplesmente encaminhar a criança para seu quarto e esperar até que ela volte a dormir. 

Caso prefira, a criança pode ser despertada. Contudo, é preciso fazer isso com calma, carinho e tranquilidade, pois muitas vezes o sonâmbulo pode acordar confuso ou agressivo. Dificilmente ele lembrará do que aconteceu durante o episódio. 

Qual médico e tratamento para sonambulismo infantil?

Os especialistas estimam que ao menos 29% da população já passaram por algum episódio de sonambulismo na vida, mas isso não significa que sejam sonâmbulos. Para ter o diagnóstico, é preciso que os episódios aconteçam com maior frequência. 

Caso seu filho já tenha passado por mais de um episódio de sonambulismo infantil, a primeira conversa pode ser feita com o pediatra de seguimento, que encaminhará para um médico especializado. 

O neurologista costuma ser o profissional indicado para tratar casos de sonambulismo. É preciso fazer um estudo do sono para tentar entender a causa que desencadeou o transtorno. Dependendo da criança, exames como polissonografia podem ser indicados. 

Em alguns casos, o sonambulismo pode ser cuidado com tratamentos paliativos, como higiene do sono ou acordar a criança um pouco antes do horário em que os episódios acontecem. Outros casos podem ter indicação de remédios específicos, como ansiolíticos. Para isso, a consulta e o acompanhamento profissional é indicado. 

Sonambulismo infantil e terror noturno: qual é a diferença?

Outro transtorno do sono comum à infância, principalmente antes dos 3 anos de idade, é o terror noturno. Diferente do sonambulismo infantil, a criança não interage com a casa ou fala. O terror noturno costuma ser caracterizado por choros e gritos incessantes, no meio da noite, mas sem a criança despertar.

Pode ser acompanhado de uma grande sudorese, cara de pânico e gritos que assustam até os pais que já estão avisados sobre o distúrbio! Mesmo que os pais tentem acalmar a criança, o episódio costuma se encerrar sozinho, com a criança voltando a dormir e sem lembrar do que aconteceu.

Assim como no sonambulismo infantil, o terror noturno pode ter fim com o passar dos anos. O médico pode intervir com cuidados paliativos e orientação para as famílias, como higiene do sono, controle de ansiedade e vigilância. 

Os distúrbios do sono podem assustar, mas com os cuidados certos não causam males ao desenvolvimento da criança e se resolvem com o passar dos anos e maturidade cerebral. Na dúvida, é sempre importante conversar com o pediatra que acompanha a criança e procurar um especialista.

Quer aprender a melhorar o sono do seu filho? Acompanhe aqui algumas dicas:

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