Como ajudar crianças em época de provas escolares?
Provas escolares tendem a ser motivo de nervosismo para as crianças. Não é pra menos, afinal, vivemos numa sociedade que valoriza fazer mais atividades, ter mais resultados. Isso pode ser – e tem sido – muito prejudicial aos pequenos.
O próprio nome “teste” já causa medo: testar o quê? E se eu não passar nesse teste? E se eu tirar zero? Sempre falo que precisamos levantar muitas reflexões a respeito dessa questão, pois talvez a prova não prove tanto conhecimento assim, como se pensava há alguns anos.
Estudar para aprender ou para provar?
Vamos fazer um teste aqui mesmo. Me diga que conteúdos você lembra de ter aprendido na fase escolar. O que você responderá tem a ver com duas alternativas:
- Você provavelmente decorou esse conteúdo.
- Você teve um professor incrível que abordou o tema de uma maneira tão legal e cativante, que fez com que você nunca mais esquecesse.
Existe uma grande diferença nessas duas possibilidades. Na primeira, talvez tenha sido sofrido e sem sentido.
Decorar um conteúdo escolar é maçante, chato e sem graça – e na maioria das vezes não se aprende nada. Mas quando temos a oportunidade de vivenciar o que estamos aprendendo é que acontece o verdadeiro aprendizado.
O que acontece hoje e há muitos anos é que precisa-se decorar a matéria para passar nas provas escolares. Logo, podemos refletir sobre como isso acrescenta na vida escolar dos alunos.
Veja bem, não estou dizendo que não devemos ler os materiais, ter um tempo específico e determinado para os estudos, mas que estudar deve ser uma consequência da vivência.
Ora, se o que vivenciei teve sentido e significado para mim, consequentemente, obter um bom resultado em testes não será tão desafiador.
Mas o que fazer se o sistema empurra as crianças cada vez mais pelo caminho da decoreba? Bem, enquanto lutamos para mudar essa realidade, podemos criar estratégias para que o momento do estudo seja prazeroso, promovendo um conhecimento mais perene sobre os conteúdos.
Ajudando as crianças com as provas da escola
Primeiro ponto: certifique-se de que seu filho tenha compreendido o tema que precisa ser estudado. Se isso ainda não aconteceu, tente fazer junto a ele um resumo, ler novamente o material proposto. Se precisar, use mapas mentais.
Os mapas mentais são excelentes ferramentas, pois conseguem relacionar várias informações de um tema central. A dica é convidar a criança a anotar tudo que o tem a ver com o conteúdo estudado. Eles podem ser realizados à mão (com canetinhas coloridas, desenhos, colagens) ou também impressos, já com uma formatação pré-definida, para que a criança possa ir preenchendo com as informações que fazem sentido para ela. Assim, ela consegue lembrar e relacionar tudo o que compreendeu sobre um tema.
Segundo: agora chegou a hora de perguntar a ele como ele mais gosta de aprender. Pode ser assistindo vídeos, desenhando, escrevendo, ouvindo…
O importante é reconhecer a modalidade de aprendizagem mais fácil para a criança, focar na maneira que ela aprende mais fácil, para que consigamos alcançar os objetivos propostos para o desenvolvimento dela.
O papel do adulto é compreender como funciona o processo de aprendizagem da criança e orientá-la de acordo com as suas demandas, não é fazer por ela nem impor a maneira que acha ser a melhor.
Outra coisa que eu considero importante é acalmar a criança, no sentido de dizer que ela é capaz, inteligente, que não precisa sempre tirar nota 10.
Ao contrário do que se pensa, esse discurso não deixa a criança preguiçosa (e eu nem gosto desse termo). Na verdade, ele mostra que as pessoas não são 10 em tudo.
Essa é uma forma de ensinar desde cedo que errar é humano. Todos somos melhores em algumas tarefas do que em outras e todos cometemos erros.
Quando acontecer de a criança não tirar uma nota considerada boa nas provas escolares, tudo bem. O que devemos fazer é conversar, explicar que uma nota é apenas uma nota: não resume quem ela é. Então, tentar entender quais são as maiores dificuldades dela para então melhorar em uma próxima vez.
Compreender o contexto
Crianças são pessoas em desenvolvimento e não podemos enchê-las de conteúdos para depois cobrar que saibam tudo.
Vale ressaltar que em muitos casos a criança não tira uma nota baixa porque não sabe o conteúdo, mas porque não estava bem no momento.
É necessário observar todo o contexto para avaliar se essa é uma questão de aprendizagem ou algo pessoal. Alguma situação pode ter deixado a criança distraída ou ela pode estar ansiosa, por exemplo. Ainda, ela pode ter dificuldade em uma matéria específica ou mesmo com o jeito de explicar de algum professor.
Pode ser também que a criança tenha alguma dificuldade de aprendizado e precisa de atenção especial. Diante de todas as possibilidades, é necessário um olhar atento de pais e professores para ajudá-la a superar essas questões.
O mais importante, o que realmente “prova conhecimento”, é saber que o conteúdo escolar faz sentido para a criança. Sabendo disso, sabemos que ela realmente acessou aquele conhecimento, e não apenas o decorou para conseguir uma boa nota nas provas escolares.
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