Como lidar com perguntas difíceis de crianças?
Você provavelmente já teve de responder a perguntas difíceis de crianças. Seja sobre como os bebês surgem, como o tempo funciona ou por que as pessoas morrem, a curiosidade dos nossos pequenos exploradores não tem fim!
E a língua deles é afiada: se respondemos de qualquer jeito ou ficamos em silêncio, eles rebatem e criam mais perguntas! Mas o que fazer se, às vezes, nem a gente sabe as respostas?
Ficamos em uma encruzilhada, todas as engrenagens do cérebro começam a rodar, tentando criar uma solução para as questões. De vez em quando, damos até aquela espiadinha no Google…
O importante é que essa abelhice das crianças é normal e existem estratégias para lidar com ela! Vamos ver?
Por que as crianças perguntam sobre tudo?
Antes de partirmos direto para a solução, que tal entender o que está por trás da questão? É totalmente compreensível que as crianças perguntem muito sobre o mundo à sua volta.
A psicóloga clínica Carla Andrea Rosa explica:
“As crianças estão num processo de aprendizagem contínua. Num piscar de olhos, o mundo que era gerido por microinformações passa a ser macro e esse salto faz com que a criança queira desvendar esse lugar que ficou tão grande e cheio de novidades.
A curiosidade e a vontade/necessidade de entender as coisas à sua volta faz com que as perguntas surjam em quantidade avassaladora”.
Naturalmente, elas recorrem aos pais, mães e outros cuidadores para obter as respostas, afinal, elas tendem a achar que a gente sabe de tudo. Só que, no fundo, você ainda está tentando entender como vai lidar com tanto “mas por quê?”, “como?”, e “quando?”.
Então confira as dicas a seguir!
Respondendo perguntas difíceis de crianças
A assistente administrativa Dayana Pereira já está acostumada com as perguntas difíceis do seu filho Gustavo, de 6 anos. Mas um dia se surpreendeu quando ele perguntou: “Mamãe, nós vamos morrer?”.
O assunto, apesar de delicado, não ficou sem resposta. “Eu disse que todas as pessoas irão morrer sim, em um dia que não sabemos quando será”, relembra.
Responder diretamente, como Dayana fez, é uma ótima estratégia para lidar com as perguntas difíceis das crianças. “Aqui em casa, nenhuma questão que o Gustavo fez ficou sem resposta. Desse jeito, percebemos que ele fica satisfeito e não fala mais no assunto”, conta.
Às vezes, no entanto, uma resposta direta não convence as crianças. Foi o que aconteceu na casa de Cristiane Cavalcante, quando a filha Maria, de 11 anos, perguntou o porquê de a mãe sangrar todos os meses.
“Geralmente eu respondo de maneira direta as perguntas que ela faz, mas, nesse caso, eu expliquei como funcionava a menstruação”, relembra.
Explicar, de maneira lúdica e simples, é outra estratégia para responder a perguntas difíceis. Principalmente quando as crianças são mais velhas, como no caso de Maria.
Não responder a perguntas difíceis é uma boa opção?
Cristiane conta que foi a estratégia que adotou quando Maria perguntou como os bebês nasciam. “Mas ela ficou ‘chateada’ e disse que ninguém nunca quer responder isso”, diz a mãe.
Por isso, é mais indicado dar respostas diretas ou usar metáforas na explicação, desde que elas não sejam muito elaboradas ou mentirosas. Afinal, as crianças vão aprender sobre tudo no futuro e podem ficar chateadas quando pensarem que o que os pais ensinaram estava errado.
A cantora Negra Li contou em texto como lida com as perguntas difíceis dos filhos Sophia (12 anos) e Noah (4 anos). Confira:
E quando você não sabe as respostas das perguntas das crianças?
Não é só a família lida com perguntas difíceis das crianças, mas os professores na escola também. Elaine Duarte, por exemplo, é professora na educação infantil e relembra que, quando um morcego entrou na escola em que dá aula, as crianças começaram a perguntar coisas como:
“Será que esse morcego chupa sangue?”
“Como os morcegos se alimentam?”
Como não sabia responder à maioria delas, a professora teve uma ideia: fazer uma pesquisa com os alunos e tornar o tema um trabalho. “Eu logo falei que a gente ia pesquisar e aí cada um fez perguntas em casa também”, conta.
A surpresa foi boa: os alunos tiveram suas dúvidas respondidas, conforme o projeto sobre os animais avançava. “Acabamos descobrindo várias coisas legais sobre os morcegos e como eles são importantes para o meio ambiente”, diz a professora.
Mas a ideia da Elaine não precisa ficar restrita à escola. Em casa, quando a criança fizer uma pergunta difícil, para a qual você não tem resposta, que tal tirar um momento para pesquisar em família?
É uma maneira de passar um tempo de qualidade junto às crianças e ainda tirar as dúvidas que elas têm sobre o mundo 💛
6 dicas para lidar com as perguntas difíceis de crianças
Você acabou de ver diferentes reações às perguntas que a meninada costuma fazer. Para a próxima vez que você passar por algo parecido (o que pode ser muito em breve), a psicóloga Carla Andrea Rosa compilou uns conselhos para você.
Olha só:
- As crianças, quando perguntam, querem obter uma resposta e elas devem ser dadas de forma simples e clara. Use uma linguagem que seja compatível com a idade cronológica e a maturidade, com palavras que elas já conheçam e evite dar respostas muito longas.
- Se você souber a resposta, não espere para explicar para a criança depois. Muitos pais empurram um para o outro por não saberem como se posicionar diante de perguntas que o pegam de surpresa, mas a curiosidade da criança e essa busca por aprendizagem não cessam. Caso não tenham suas dúvidas respondidas, elas tendem a buscar respostas com outras pessoas que podem estar despreparadas e não conduzirão esse momento de descoberta de forma simples e natural.
- Para tornar a situação mais fácil, tente pensar em exemplos comuns do cotidiano, contando uma história. Se precisar de formas mais didáticas, use recursos lúdicos como fantoches, massas de modelar, desenhos etc.
- Olhe para a criança e dê atenção a ela, na hora de respondê-la. Evite dar respostas enquanto faz outra coisa.
- Não responda em momentos de raiva e não diga para a criança que ela “pergunta demais” ou coisas nesse sentido. Elas podem afetar a autoconfiança do seu menino ou menina.
- Quando você não souber o que responder, diga que vai conversar sobre o assunto mais tarde – e realmente o faça. Você pode procurar maneiras para abordar o assunto, como com filmes, por exemplo. Outra opção é conversar com alguém que possa trazer mais informações sobre o assunto, como uma tia, tio, madrinha, amigos etc.
Outro tópico de perguntas que causa embaraço a muitos pais e mães diz respeito à sexualidade. Apesar de difícil, esse é um tema extremamente importante para debater em família – e também na escola. Isso deve ser feito com naturalidade, sem erotização e com vocabulário adequado à idade e às dúvidas apresentadas.
Isso é fundamental para promover uma educação sexual saudável para o futuro e para a prevenção do assédio e abuso sexual infantil. Leia mais sobre o assunto aqui: