Seletividade alimentar infantil: saiba o que é e como lidar
Aquela recusa constante pode não ser questão de ser “chato para comer”, mas de seletividade alimentar. Você já ouviu falar?
Se ultimamente você percebeu em seu filho uma redução no apetite, desinteresse pelos alimentos, recusa e agitação no momento de comer, pode ser que ele esteja passando por isso.
Apesar de ser uma necessidade, comer da forma correta é um hábito ensinado. Se uma criança não se sente confortável em frente a determinados alimentos, é preciso investigar o motivo com o pediatra.
Vamos entender melhor sobre o assunto?
O que é seletividade alimentar infantil?
A alimentação é hábito, é aprendizado. Os filhos aprendem a comer acompanhando o dia a dia da família, e é normal que nesse processo haja alguma resistência a novidades. Mas, quando a recusa se torna mais grave e resistente pode ser um caso de seletividade alimentar infantil.
De modo geral, a seletividade alimentar infantil ocorre quando a criança passa a ter uma dieta altamente limitada, por causas fisiológicas ou comportamentais. A recusa a experimentar alimentos diferentes pode vir acompanhada de irritabilidade, agitação durante a refeição e aparente perda de apetite.
Qual é a diferença entre seletividade alimentar infantil e preferência alimentar?
Para não confundir, é importante entender a diferença entre os dois conceitos.
“A seletividade alimentar é caracterizada por uma ingestão menor de alimentos, padrão alimentar monótono, seleção de alimentos por características específicas. Enquanto isso, na preferência alimentar a criança não apresenta dificuldade em consumir os alimentos, mas demonstra interesse maior por determinadas preparações, sem evitar o consumo de alimentos oferecidos no cotidiano”, explica a nutricionista materno-infantil Dra. Mônica Assunção.
O que causa a seletividade alimentar infantil?
Não existe resposta certa que explique a causa da seletividade alimentar infantil. Isso vai depender muito de cada caso, da experiência e do organismo de cada criança. Mas trouxemos algumas possibilidades – veja abaixo!
Traumas
Pode acontecer de a criança engasgar com alimentos mais sólidos e entender que não é capaz de comer novamente, pelo trauma que sofreu. Aqui entram até as experiências de enjoo e refluxo, o que torna ainda mais difícil a relação da criança com o alimento.
Por isso, é importante sempre conversar sobre o gosto de novos alimentos, suas texturas… Esses exercícios ajudam a afastar a seletividade alimentar infantil, além de aproximar pais e mães de seus filhos e filhas!
Associação
Muitas situações podem entrar neste tópico. A criança pode associar o momento de comer ou mesmo alguns alimentos a experiências ruins. Quando, por exemplo, sempre há uma discussão em família na hora da refeição, transformando esse momento, na visão dela, em um momento desagradável ou turbulento.
Sendo assim, experiências como obrigação de comer um alimento que não queria ou não gostou também podem aumentar a aversão da criança à comida e associar como algo negativo. É importante investigar se isso já aconteceu.
Desenvolvimento
Aqui podem entrar o baixo peso ao nascer, a influência genética e a menor duração do aleitamento materno. Esses diferentes fatores podem ter influência na seletividade alimentar infantil. Portanto, investigue-os com o auxílio de um profissional, se necessário.
Autismo
A alimentação é uma experiência extremamente sensorial. Os alimentos têm cor, sabor, textura e até sons. Esses estímulos sensoriais podem ser perturbadores para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Se a seleção de alimentos é feita por cor, textura, marca, temperatura e se houver outras dificuldades sociais associadas, pode ser sinal de algum nível de transtorno. O melhor a fazer é conversar com o pediatra e investigar.
Hábitos alimentares da família
Segundo a nutricionista Mônica Assunção, “uma alimentação monótona, com pouca variedade de alimentos, a imposição de consumo de grandes volumes, não adequação da consistência dos alimentos ao desenvolvimento fisiológico, podem ser fatores que se associam à seletividade alimentar e ao trauma infantil. Isso passa a sensação de que o momento das refeições é algo ruim, onde a sinalização de saciedade não será respeitada pelos seus cuidadores”.
A nutricionista conta também que famílias que não apresentam um padrão alimentar saudável ou em que há dificuldade alimentar não dão oportunidade à criança de consumir diferentes alimentos. O mesmo vale para preparações variadas. É importante ainda considerar que refeições devem ser compatíveis com o respectivo grau de desenvolvimento fisiológico, considerando quantidade das porções e forma de apresentação do prato.
Como diagnosticar a seletividade alimentar infantil?
Como vimos acima, é normal que seu filho tenha preferência por este ou aquele alimento e não por outros. Do mesmo modo, a introdução de um alimento novo pode demorar um pouco e exigir alguma paciência e criatividade dos pais. Então, como diagnosticar a seletividade alimentar infantil?
Observe o comportamento da criança. Houve alguma mudança? A recusa a certos alimentos é sistemática e constante? A situação está associada a alguma mudança na rotina?
Se a recusa durar mais de um mês ou se você desconfiar que possa haver algum desequilíbrio, o recomendado é procurar orientação do pediatra ou nutricionista. Assim, com o apoio da investigação clínica, você terá a melhor orientação para identificar as causas e encontrar o melhor tratamento.
DE OLHO PARA NÃO CONFUNDIR 👀
Dente nascendo, criança resfriada, dor de garganta, muito sono ou mudança na rotina e/ou ambiente: perceba as circunstâncias. Alguns contextos podem gerar falta de apetite na criança e ao mesmo tempo não terem relação alguma com a seletividade alimentar!
Seletividade alimentar infantil: quais são os sinais de alerta?
Existem algumas situações em que a seletividade alimentar ou a relação da criança com os alimentos podem servir de alerta para pais e mães. Segundo a Dra Mônica, os pais precisam consultar um pediatra, caso a criança apresente:
- Prejuízos no crescimento;
- Redução na diversidade de alimentos consumidos, com ingestão de uma dieta monótona e repetitiva;
- Desinteresse pelos alimentos;
- Seleção de alimentos por cor, textura, marca, temperatura;
- Não consegue ingerir os mesmos alimentos consumidos pela família;
- Necessita realizar as refeições em ambiente separado dos familiares.
Se o comportamento de recusa alimentar, falta de apetite e agitação na mesa permanecer por mais de 30 dias, é importante buscar ajuda profissional. Assim, você pode evitar que a seletividade alimentar gere outras questões comportamentais no futuro.
Como tratar a seletividade alimentar infantil?
Assim como o diagnóstico, o tratamento da seletividade alimentar infantil também deve ser indicado por um profissional da saúde. Em muitos casos, o melhor é uma abordagem multidisciplinar, com o apoio de pediatra, psicólogo e nutricionista.
O tratamento em geral se concentra em eventuais desequilíbrios no metabolismo ou de ordem psicológica que estejam dificultando que a criança se alimente. Além disso, mães e pais podem colaborar proporcionando aos filhos um espaço acolhedor para as refeições e uma rotina harmoniosa e tranquila.
Quanto tempo dura a seletividade alimentar infantil?
Quando não é tratada, a seletividade alimentar infantil, que geralmente surge em idade pré-escolar, pode durar até a adolescência.
Por isso, é importante que mães e pais fiquem atentos e busquem tratamento para a criança com seletividade. Você quer que seu filho cresça saudável e, para isso, uma alimentação equilibrada e uma boa relação com a comida são fundamentais.
Quais profissionais podem ajudar no tratamento da seletividade alimentar infantil?
Se você notar que a alimentação está sendo um problema maior que o esperado é importante conversar com o pediatra de sua confiança. Dependendo do caso, ele poderá indicar tratamentos auxiliares com nutricionista, psicólogo e fonoaudiólogo, por exemplo.
Com os profissionais de fonoaudiologia será trabalhada a capacidade de mastigação e ingestão dos alimentos. O trabalho paralelo com nutricionista garante as necessidades energéticas e nutricionais da criança – com ou sem suplementação – durante todo o tratamento.
Atividades para seletividade alimentar infantil: quem pode indicar?
Há uma série de atividades e mudanças de rotina que podem auxiliar no tratamento da seletividade alimentar infantil. Mas, como dissemos acima, cada caso é um caso e é preciso orientação profissional para um tratamento adequado.
Por isso, dependendo do diagnóstico e das causas, profissionais da saúde como pediatra, nutricionista, psicólogo ou fonoaudiólogo podem sugerir as atividades mais adequadas. Para que seu filho cresça saudável e tenha uma boa relação com a comida, é fundamental que você tenha a melhor orientação.
Crescer saudável é importante e, se você chegou até aqui, é porque se preocupa e quer o melhor para seu filho.
Conte sempre com o nosso apoio e rede de carinho 💛
*Atenção: a prescrição de qualquer suplemento nutricional deverá ser realizada de forma individualizada, considerando o estado nutricional infantil e os hábitos alimentares analisados durante a consulta.