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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Vitiligo em crianças e bebês: como deixar a autoestima nas nuvens?

Ninhos do Brasil NB
Uma menina com vitiligo sentada no chão, segurando o livro “A menina feita de nuvens”. Ao redor, há várias bonecas parecidas com ela.

Vitiligo são manchinhas brancas causadas pela ausência de melanócitos em pontos específicos da pele. Não faz mal nenhum à saúde física, não dói, nem é contagioso. É apenas diferente. 

A primeira manchinha a gente nunca esquece. A da Maria Luiza surgiu na perna e parecia um cachorrinho branco. Ela tinha três anos. Hoje, ela tem 10 anos, e a mancha tá mais parecida com um cavalo-marinho. 

“É que elas mudam de forma, assim como as nuvens”, explica Tatiana Santos de Oliveira, mãe da menina e designer gráfica. A comparação foi um recurso lúdico que Tatiana encontrou para ajudar a filha e a família a lidarem com o vitiligo de uma forma positiva. 

E deu certo! Maria Luiza virou a super-heroína do livro infantil A menina feita de nuvens. A história foi publicada pela editora Estela Cultural e hoje ajuda muitas pessoas a se amarem do jeitinho que são. 🌥 🌥 🌥 🌥

Vamos entender um pouco mais sobre essa condição e conhecer a história da Malu?

O que é vitiligo? 

O vitiligo é uma doença ou condição dermatológica em que as células de defesa atacam os melanócitos (substância que dá cor à pele), provocando a descoloração de algumas partes. Sem esses melanócitos,  aparecem as conhecidas manchas brancas, características do vitiligo.

Essas manchas podem ser em diferentes formatos, tamanhos e locais do corpo. Pode ser em apenas uma parte (vitiligo segmentar) ou distribuída pelo corpo todo (não segmentar).

Homens e mulheres de todas as idades e raças podem ter vitiligo. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 25% dos casos aparecem antes dos 10 anos de idade, 50% até os 20 anos, e de 70% a 80% antes dos 30 anos.

Vitiligo: quais são as causas?

Não existe uma causa única e específica para desencadear o vitiligo. Fatores genéticos podem estar envolvidos, já que cerca de 30% das pessoas com vitiligo têm parentes com a mesma condição. 

Mas algumas situações podem desencadear novas manchas ou o aumento das existentes. É o caso de machucados, queimaduras e abalos emocionais. Segundo a SBD, é muito comum que os casos de vitiligo se agravem diante de choques emocionais, como luto, separação ou mudanças, por exemplo.

Nem precisa ser uma emoção ruim. No caso da Maria Luiza, por exemplo, as primeiras manchinhas coincidiram com o nascimento do irmãozinho mais novo, João – hoje com sete anos de idade.

Mancha branca na pele do bebê ou criança é vitiligo?

O principal sintoma do vitiligo é a presença de manchas brancas na pele. Na infância, isso costuma ocorrer após os 3 anos, mas pode acontecer antes ou depois.

Vale lembrar que também existem outras condições que podem ocasionar manchas na pele, incluindo micoses, dermatites e até sardas.

Como em qualquer doença ou condição, o diagnóstico correto e tratamento deve ser feito por um profissional. Consulte um pediatra dermatologista.

Como começa o vitiligo em bebês e crianças? Saiba identificar

O vitiligo costuma se manifestar em manchas claras e grandes, espalhadas pelo corpo, em especial em áreas onde a pele é mais fina. O vitiligo não costuma vir acompanhado de coceiras, inflamações, secreções ou alterações dramáticas de textura da pele.

Caso os pais ou responsáveis notem o surgimento de manchas brancas ou despigmentação, o indicado é procurar um dermatologista.

Como ocorre o diagnóstico do vitiligo em bebês e crianças?

Os pais de Maria Luiza logo consultaram pediatras e dermatologistas para avaliar as manchas. O diagnóstico confirmou a suspeita: vitiligo.

“No início, ficamos assustados com a questão do vitiligo não ter cura, do tratamento ser caro e de poder afetar a autoestima”, conta Tatiana. 

De fato, apesar de não haver outros efeitos além do estético, o estigma em torno do vitiligo pode ter forte impacto emocional, e mesmo desencadear uma depressão. Por isso, ter uma boa estrutura psicológica para lidar com os olhares e eventuais palavras depreciativas faz toda a diferença.

Os olhares realmente não ajudavam muito “Ao contar sobre o vitiligo para as pessoas próximas, a reação era quase sempre muito negativa, como se fosse algo muito ruim. Ouvimos muito ‘que dó’ e ‘que pena’ e começamos a nos incomodar com esse tipo de coisa”, lembra a mãe. 

Vitiligo em bebês e crianças precisa de "tratamento"?

O vitiligo não faz mal à saúde, não dói e não é contagioso. Mas as manchas brancas requerem cuidados, como o uso rotineiro de protetor solar e de roupas e bonés na praia ou em passeios.  

Tratamentos que retardam a evolução das manchas dependem do tipo de vitiligo, da idade da criança e da resposta que seu organismo vai dar aos medicamentos, cremes ou à fototerapia.

A indicação da efetividade ou mesmo da necessidade de um tratamento deve vir de um profissional dermatologista.

Cuidados para bebês e crianças com vitiligo

Além dos aspectos afetivos, como incentivar a autoestima da criança e evitar ter vergonha das manchas, é importante ter cuidados no dia a dia, como o uso de protetor solar e evitar longa exposição ao sol nos lugares do corpo onde as manchas em maior extensão.

Em caso de alteração na textura da pele, coceiras ou secreções, procure um dermatologista.

Um olhar leve e lúdico sobre o vitiligo

“A gente resolveu então tratar diferente: começamos a elogiar as manchinhas, colocamos nome, contornamos com canetinha, descobrimos formatos novos e isso foi ficando mais leve e lúdico”.

Como já trabalhava com livros infantis, Tatiana passou a procurar na literatura algum personagem que ajudasse a família nessa missão. Não encontrou. Foi aí que a designer resolveu criar seu próprio livro. Um ano depois, A menina feita de nuvens foi lançado na bienal do livro de 2016, em São Paulo. 

A quantidade de pessoas – pais de crianças e até adultos que viviam se escondendo atrás de maquiagens – que vieram agradecer pela história surpreendeu Tatiana. Até hoje, ela recebe mensagens, bonecas e até fotos de uma festa de aniversário temática como agradecimento. Ela compartilha tudo no Instagram @ameninafeitadenuvens

Tratamentos para o vitiligo

Apesar de não haver cura para o vitiligo, existem tratamentos que ajudam a amenizar e até fechar algumas manchas.

Algumas opções de tratamento para o vitiligo envolvem o uso de pomadas corticosteroides e imunomoduladores tópicos, fototerapia com laser e até transplante de melanócitos.  

O tipo de tratamento é decidido por dermatologistas de acordo com o tipo de mancha, de pele, a idade entre outros fatores. Os resultados também variam muito de pessoa para pessoa, mas costuma ser melhor sucedido em crianças .

Durante dois anos, em paralelo às ações de autoestima, Maria Luiza fez o tratamento dermatológico. Todos os dias, tinha que passar pomadas nos locais afetados e tomar banho de sol. Algumas manchinhas chegaram a pigmentar e fechar. 

Mas a Maria Luiza tinha a questão muito bem resolvida psicologicamente, gostava tanto das nuvenzinhas, que quis parar o tratamento.

“Então decidimos parar para valorizar essa autoestima dela, até porque não temos como saber se no futuro vai voltar, já que qualquer questão emocional pode desencadear mais manchas”, explica Tatiana.

Vitiligo: exemplo e autoestima nas nuvens

Hoje, Maria Luiza não faz mais tratamentos. Tem manchinhas nas pernas, nas costas e uma bem suave na pálpebra. “Talvez pela própria aceitação dela, o #nemteligo, que há algum tempo não surgem novas manchas, mesmo com a pandemia”, conta a mãe.

Suas manchinhas fazem tanto sucesso que às vezes até o irmão desenha as pernas com giz para ficar parecido. O único cuidado que temos é aplicar protetor solar quando brincamos na rua. Mas ela pode ter uma vida normal e brincar, tomar sol. Ser criança, enfim.

Minha criança tem vitiligo e está sofrendo bullying, o que fazer?

Conversar com a escola, clube ou ambiente onde está acontecendo o bullying. Em se tratando de crianças, especialmente as mais novas, pode acontecer que as manchas causem estranhamento ou mesmo medo de uma contaminação – que não existe. Evite confrontos diretos e busque apoio e diálogo através da escola para acabar com qualquer estigma que a doença possa carregar. 

Fortaleça a autoestima da sua criança para que ela possa ter recursos para lidar com os ataques sem se sentir diminuída ou desvalorizada. O bullying pode afetá-la de diferentes formas e ela deve entender que tem em casa o apoio para expressar seus incômodos e buscar ajuda.

Não confunda: vitiligo e piebaldismo
Outra condição que leva a manchas brancas na pele é o piebaldismo, que é como um albinismo parcial. Assim como o vitiligo, ele não causa danos à saúde. A diferença é que no piebaldismo, a criança já nasce com as manchas, principalmente na testa e na franja, e elas tendem a ser estáveis ao longo dos anos. Enquanto no vitiligo, as manchas continuam evoluindo. 

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