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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Rede de apoio materno: acolhimento além da ajuda cotidiana

Ninhos do Brasil NB
Imagem de uma família reunida na sala, olhando com felicidade a tela de um notebook. Ela é composta por um casal jovem e duas crianças, além de outros dois membros que são os avós dessas crianças. A foto remete ao tema rede de apoio materno

Você já parou para pensar sobre por que se fala tanto em rede de apoio materno e tão pouco ou nada sobre rede de apoio paterno ou parental (que engloba os dois)? 

Sim, a responsabilidade pelos cuidados com o filho não é só da mãe, mas dos progenitores ou responsáveis legais. Mas já aprendemos, aqui e na prática, que essa é uma função difícil mesmo em dupla, e que “é preciso uma aldeia para cuidar de uma criança”. Nesse sentido, a rede de apoio da família é a tal aldeia de que fala o provérbio nigeriano. 

Ninhos do Brasil abordou a importância da rede de apoio, de mãe e pai terem com quem contar. Isso ajuda não apenas os adultos a descansarem (o que já seria motivo suficientemente nobre), mas também a criar outros pontos de referência para a criança. 

O que é rede de apoio materno?

A rede de apoio materno é o grupo de pessoas que apoia a mãe — o que não exclui o pai de sua participação ativa na criação da criança. 

Na maioria das vezes, trata-se de um grupo de mães que se apoiam mutuamente na tarefa de criar os filhos tentando preservar a própria saúde mental. Aqui entram conversas sobre as experiências e questões particulares das mulheres nesse período, desde organização da própria rotina até desmame. 

A farmacêutica Flávia Oliveira traz um exemplo. Seu filho Matheus, de 5 meses, pegou covid quando tinha 2 meses de vida. Mesmo com o pai presente e o apoio familiar, a angústia era muito grande. Foi aí que a rede de apoio materno se somou à rede de cuidados.

“Tive amigas e primas que me ajudaram imensamente com informações e carinho, para que eu mantivesse a calma para seguir cuidando do Matheus”, relembra. 

É com a rede de apoio materno que a maioria de nós compartilha dúvidas, angústias, histórias, depoimentos sobre a maternidade e sobre outras questões do universo feminino.

Mas, voltando à pergunta inicial: por que agora, em pleno século 21, ainda falamos em rede de apoio materno? É só a mãe que precisa de apoio?

A título de curiosidade e contexto: a expressão “rede de apoio” tem cerca de 2900 pesquisas mensais nos buscadores de internet. Nas pesquisas específicas, a expressão “rede apoio materno” responde por cerca de 1 mil pesquisas mensais. Rede de apoio familiar, 390. Já “rede de apoio paterno” tem zero pesquisas. Zero. 

Uma das explicações para isso é o machismo estrutural e o abandono paterno. 

Nos primeiros 4 meses de 2022, quase 57 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe, o maior número nos últimos 5 anos. Dados do IBGE indicam que cerca de 11 milhões de mães cuidam de seus filhos sozinhas, assumindo o papel de mãe solo.

Só nessa informação já temos 11 milhões de motivos para falar e pesquisar sobre rede de apoio materno.

Mas existem mais motivos para falarmos de rede de apoio às mães para além da realidade da maternidade solo no Brasil. Vamos entender mais?

Quais são os benefícios da rede de apoio materno?

Enquanto a rede de apoio da família está aí para ajudar a todos os envolvidos – tanto a criança quanto seus responsáveis – a rede de apoio materno se concentra primeiro na mãe.

A rede de apoio materno é aquele ombro, real ou virtual, onde as mães podem desabafar e entender as transformações que a maternidade traz à vida – das dificuldade de amamentação ao desmame, solidão, hormônios, corpo…. Pode ser também o espaço para lembrar de mais aspectos, como vida profissional, sexualidade, e interesses outros. 

Além de proporcionar mais leveza e alívio à mãe mostrando que ela não está sozinha nessa jornada da maternidade, uma rede de apoio materno também oferece benefícios para a criança:

  • uma mãe mais tranquila, feliz e segura de suas decisões
  • uma referência alternativa de adulto 
  • um rompimento saudável do cordão umbilical psicológico

Quem pode fazer parte de uma rede de apoio materno?

Flávia e o marido contam com o apoio dos avós de Mateus para diversas necessidades. Mas as primas e amigas têm um papel especial na rede de apoio materno dela.

Não planejei a minha rede de apoio. Tive sempre amigas e primas muito acolhedoras, próximas e que se mostraram em todos os momentos disponíveis para tudo. Foi tudo maravilhoso”, conta.

Pessoas com quem você se sente bem podem compor sua rede de apoio materno.

Lembre-se sempre que você pode conversar com as pessoas próximas e sinalizar que precisa de ajuda! Muitas vezes, elas podem ter medo de intromissão, de julgamentos ou de passar dos limites. Então, uma conversa com as pessoas próximas pode ajudar a formar essa rede de apoio. 

Aqui, é importante já destacar: pai não é rede de apoio! Pai é pai, não importa se ele segue casado com a mãe, mora em outra casa, tem outra família. O pai tem sua função para cumprir e essa função não entra como rede de apoio.

1) Avós

Além do importantíssimo papel do avô e da avó na criação dos netos (e os eventuais embates sobre tipo de educação), a avó materna, especialmente, pode ser um importante ponto de referência na rede de apoio materno.

Isso porque muitas vezes o nascimento do bebê abre uma nova relação entre as recém-mães e suas progenitoras. É comum que novos laços e conversas se apresentem a partir do entendimento do que a outra viveu no passado ou vive agora, inclusive nos desafios físicos que o pós-parto e a amamentação impõem. 

Mãe e filha se vêem então como duas mulheres. Com essa relação renovada, a avó pode ser não só rede de apoio nos cuidados da criança, como também rede de apoio à filha, que está se descobrindo como mãe.

2) Tios

Assim como o contato com os avós, a relação com tios e tias ajuda a estabelecer o vínculo familiar da criança para além de mãe e pai. Além disso, quando os irmãos se tornam pais e mães, o nível de trocas ganha um caráter mais adulto. Não raro, as conversas retomam aquela cumplicidade vivida na infância, com histórias do passado ganhando novos significados agora que estão em novos papéis.

3) Vizinhos

Quando conseguimos estabelecer um bom relacionamento com vizinhos, eles formam uma ótima aldeia para criar uma criança. A proximidade ajuda, e não é preciso fazer planos antecipados ou longos caminhos para contar com a rede de apoio. 

Quando se tem crianças da mesma idade então, os vizinhos podem se revezar no papel de rede de apoio materno. Cada família cuida das crianças uma vez para que os demais possam descansar. Vizinhos também são ótimos para aquelas saídas de última hora ou ajuda na hora da emergência, e ajudam a estabelecer relações da criança com o ambiente social onde ela está crescendo.

Vizinhos e vizinhas são também as pessoas que vêem você no dia a dia, podem reconhecer se você está precisando de ajuda ou de um ombro amigo. 

4) Amigos

Os amigos que já são pais e mães têm um papel fundamental na rede de apoio materno. Muitas vezes, são eles que nos antecipam a realidade, ajudando a preparar a nova família para toda a transformação que a vida terá.

E, na hora da necessidade, estão prontos para dar novos conselhos, abraços e ajudar sem julgamento ou relativizar a dor daquela mãe ou pai. Na rede de apoio materno, mulheres que já são mães podem compreender melhor as questões físicas e emocionais que acontecem na vida de quem está começando nesse caminho. 

Mas amigos e amigas que não têm filhos também ajudam e muito na rede de apoio materno. São eles que ajudam a perceber as mudanças e, quando necessário, nos ajudam a lembrar de quem éramos e quem podemos ser para além da maternidade. 

5) Terapia

Tem certos assuntos que as mães só conseguem abordar com um profissional. Uma psicóloga pode ser de grande ajuda para a rede de apoio materno. Com um distanciamento profissional e sem julgamentos, ela ajuda a identificar os motivos de culpa ou sofrimento, e mostra caminhos para a compreensão da forma de maternar.

6) Grupos de apoio

Grupos de mães também são formas de acolhimento, e podem cumprir esse papel de rede de apoio materno até mesmo online. Nesse caso, é importante encontrar um grupo de pessoas que respeite diferentes estilos de maternagem ou que compartilhe de valores parecidos com os seus. 

Nesses grupos, é possível encontrar outras mães que tiveram experiências e dúvidas parecidas com as suas. Compartilhar caminhos e dicas ou mesmo desabafar já ajuda muito o psicológico de uma mãe. 

Qual é o papel da rede de apoio materno? A ajuda além das tarefas

Como vimos até aqui, um papel essencial da rede de apoio materno é cuidar da saúde mental da nova mãe!

Isso porque a rede também serve como apoio psicológico. Quem já passou por uma gestação sabe o quanto o puerpério (que pode durar de quarenta dias a cerca de dois anos) tende a ser um dos momentos mais complicados da maternidade. 

Essa é uma fase repleta de transformações físicas, hormonais e psicológicas em que a mulher precisa de auxílio para lidar com um turbilhão de emoções, funções e responsabilidades. Essas transformações também são sentidas quando uma mãe adota um filho.

É nesse momento que a rede escuta, participa, aconselha sem julgamentos, abraça e acolhe essa mãe que precisa de tanto colo quanto o bebê.

E a necessidade de apoio não diminui quando os filhos crescem. Surgem novos dilemas, novas dúvidas, e a troca continua sendo enriquecedora.

Como construir uma rede de apoio materno?

É importante fortalecer bem o vínculo com quem temos em nossa rede de apoio. Isso começa pela conversa. Conversar, delimitar os pontos importantes da criação que você acredita, aquilo que não se pode fazer.

Uma relação sincera auxilia a mãe a desabafar sobre a pressão da maternidade. A partir dessas relações ela consegue encontrar um campo para se sentir segura para conversar sobre questões físicas e emocionais que são comuns a todas as mães.

Com essa relação bem estabelecida, a rede de apoio materno consegue também ajudar a mãe a se reencontrar depois da maternidade. Entrar no jogo quando percebe que a mãe está precisando de socorro e relembrar como ela era antes do turbilhão das demandas entrarem em sua vida.

O que se fazer quando não se tem uma rede de apoio materno?

Nem toda mãe consegue contar com o auxílio de uma rede de apoio materno. Seja por falta de contatos próximos, familiares que moram distante ou outras questões que delimitam essa escolha. 

E nesse mundo tão conectado é possível tirar proveito das redes para buscar alguma forma de rede de apoio materno. A internet conta com sites e fóruns especializados em maternidade e redes sociais com mães que discutem as dificuldades e nuances da vida materna. 

O site Ninhos do Brasil é um exemplo disso! Ele é composto por textos informativos e diretos sobre inúmeras questões da criação dos filhos. Além disso, você pode criar a sua conta e se conectar diretamente com famílias que têm crianças na mesma idade. Quando conversamos com pais e mães que passam pelas mesmas coisas, muitas dúvidas são esclarecidas e nos sentimos mais acolhidos e fortalecidos para seguir adiante.

No caso de familiares e amigos que moram longe, é possível também usar a tecnologia a favor da família. Ligações por vídeo podem ajudar a fortalecer laços entre crianças e parentes, além de serem usadas para desabafos e “babás virtuais”. 

Sabe aquele momento em que você precisa cozinhar e a criança demanda uma atenção especial? Uma ligação para a vovó em um lugar seguro, no qual você tenha visão e ouvido ligados, podem te ajudar nesse cuidado. 

3 dicas para fazer parte de uma rede de apoio materno

Agora que foi explicada toda a importância da rede de apoio materno, está na hora de enumerar algumas dicas para que essa ajuda seja feita da melhor forma. Se você pode ou quer se colocar como rede de apoio de alguém, é importante saber os pontos a seguir.

1) Ofereça ajuda

Muitas vezes a mãe vai ter vergonha de pedir ajuda. Isso porque somos ensinados desde sempre que mães são “heroínas”, que “ser mãe é padecer no paraíso”, que mulheres "dão conta de tudo" ou que se realizam exclusivamente a partir da maternidade — aquela história do "nasceu para ser mãe". Então, mesmo com todas as dificuldades da vida materna, principalmente do início, a mãe pode não perceber que precisa de auxílio. 

Se você tem intimidade com essa mãe, se ofereça como ajuda! Leve comida congelada, se ofereça para passar uma tarde auxiliando nos cuidados com o bebê. Coloque a mão na massa! Aprenda a trocar fraldas, acalmar a criança. Aprenda sobre amamentação, sobre o tipo de criação que aquela família acredita. Seja realmente uma rede de apoio materno.

2) Escute

Tudo o que uma mãe precisa, muitas vezes, é falar. Falar e ser ouvida. Escute o que ela tem a dizer, seja um ombro amigo, aconselhe, diga que entenda. Às vezes a mãe só quer externar o cansaço com palavras e uma boa rede de apoio é essencial para ajudá-la a se equilibrar.

3) Sem julgamentos!

Lembre-se: essa mãe está passando por muitas transformações emocionais na vida! Ela atravessa transformações físicas, psicológicas, sociais, hormonais, tudo de uma vez. A última coisa que ela precisa é de julgamento. 

Você pode estranhar algum jeito dela agir, o modo como ela ficará protetora em volta de seu bebê ou o fato da maternidade ter tomado conta de sua vida. Mas seja uma rede de apoio materno. E rede de apoio não tem espaço para julgamentos.

Rede de apoio materno: frases para inspirar

Aprendemos sobre a rede de apoio materno, como formar a sua, quem pode fazer parte e como agir quando você faz parte do apoio de alguém. Veja três frases que te ajudam a entender a importância de uma rede de apoio materno!

  1. “É preciso de uma aldeia para se cuidar de uma criança”. (provérbio Africano)
  2. “Rede de apoio não é luxo. É equilíbrio, é sanidade mental. Não dá para cuidar de uma criança sem olhar para o adulto que cuida dela”. (Elisama Santos)
  3. “Uma mãe sem rede de apoio conhece todos os limites do cansaço, a exaustão do corpo e da mente”. (Jaqueline Medeiros)

E a rede de apoio paterno?

Ainda que não existam buscas pelo termo "rede de apoio paterno", como falamos lá no começo do texto, o conceito da rede de apoio vale para todos. Tornar-se pai não é tarefa fácil, e homens geralmente têm ainda mais dificuldade em pedir ajuda do que as mulheres.

Humberto Baltar, educador, consultor e palestrante, é pai do Apolo e fundador do Coletivo Pais Pretos Presentes, um grupo de apoio que começou só com pais, discutindo questões da masculinidade e negritude. Com o tempo, eles se sentiram à vontade para compartilhar também suas angústias com as esposas e ampliaram o grupo.
 
“O machismo é tóxico pro homem também. Porque ele furta do homem esse direito de ter intimidade com os filhos, de fazer parte da criação dos momentos do filho, porque ele passa a acreditar que o papel dele é simplesmente comprar algumas coisas, pagar a escola, pagar roupa, enfim, e tá feito a tarefa de pai, né? Ele é só o provedor

É possível que os pais se inspirem na rede de apoio das mães e na sororidade feminina para criarem suas próprias redes de apoio paterno, abrindo espaço para diálogos sobre os desafios, angústias (e alegrias!) do processo de ser pai.

Afinal, como diz o escritor e colunista de Ninhos do Brasil, Beto Bigatti, "cuidado também é coisa de pai". 

Aqui mesmo no portal Ninhos do Brasil temos uma rede de carinho em que você pode compartilhar experiências sobre o cuidar. Acesse e compartilhe suas questões! 

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