Musicalização e desenvolvimento infantil: por que estimular?
Música e crianças é tudo de bom, uma das coisas mais gostosas que embala a rotina de quem tem filhos. A música tranquila da hora de dormir, a música que ajuda na hora de comer, aquela música do desenho animado que fica no repeat, os sons que vêm de brinquedos eletrônicos ou tradicionais— tudo é motivo de encantamento e diversão.
A música é uma linguagem universal, e antes mesmo de compreender significados de palavras, a criança pequena já é capaz de reconhecer sons e melodias e de se conectar com o mundo e com as emoções que ele causa. Conforme a criança vai crescendo e aumentando seu repertório de experiências, vai também criando gostos e preferências, muitas vezes expressos, por exemplo, através da música que mais gosta de ouvir (e cantar).
Existem diversos estudos e pesquisas da neurociência que comprovam a importância da música no desenvolvimento humano e em processos terapêuticos — não por acaso a musicoterapia é hoje curso de faculdade reconhecido pelo MEC no Brasil.
Música e crianças: quais são os benefícios
A música atua nas chamadas "funções executivas" do cérebro humano, responsáveis pela memória, controle da atenção, concentração e organização. Aprender a tocar instrumentos musicais exige, além do foco mental e disciplina, o constante esforço motor, principalmente das mãos. Mas mesmo quem não está necessariamente tocando instrumentos também se beneficia dos estímulos visuais e auditivos.
Algumas das habilidades que a música auxilia a desenvolver:
- memória
- sensibilidade auditiva, contextual e emocional
- atenção dividida
- foco e concentração
- percepção sensorial
Mauro Muszkat, pesquisador em neurociência na Unifesp, em artigo da revista Literartes, explica que "as crianças normalmente se expressam melhor pelo som e pela música do que pelas palavras".
Segundo Mauro, a música facilita "a intimidade e a aproximação física dos indivíduos com seus cuidadores, com maior engajamento em tarefas e melhor modulação positiva do humor".
Muszkat destaca ainda que a música pode ser especialmente benéfica para "crianças com déficit de atenção, dislexia, autismo, depressão, esquizofrenia e outras disfunções cerebrais" e que os transtornos não afetam a capacidade de gostar de ouvir (e de fazer!) música.
Aulas de música com instrumentos infantis, brincadeiras de roda e cantigas e até a musiquinha de lavar as mãos são desafios do dia a dia infantil que ajudam o cérebro a usar diferentes coordenações simultâneas. Esse tipo de estímulo auxilia no desenvolvimento de funções perceptivas, explica a neurocientista Viviane Louro no livro “Fundamentos da Aprendizagem Musical”, destacando que a música é essencial nas terapias de crianças com deficiências motoras ou de aprendizado.
Além disso, a música tem lugar de destaque no desenvolvimento da concentração infantil, em especial entre os zero e seis anos, ajudando a bloquear estímulos externos e a entrar em estados de relaxamento.
E, é claro, o papel da música na educação infantil é muito importante no desenvolvimento da linguagem, favorecendo tanto o aprendizado de palavras e de expressão de ideias quanto a socialização e vínculos afetivos.
Música por perto: como incentivar a criatividade musical
Você não precisa matricular as crianças em uma escola de música para começar a educação musical delas. Aqui vão algumas ideias simples para colocar a música na rotina, e ajudar no desenvolvimento cognitivo e motor das crianças:
- Invente canções para atividades rotineiras
- Estimule a criança a acompanhar a música com movimentos
- Inclua músicas como trilha sonora ou tema de brincadeiras
- Experimente fazer bonecas e bichinhos cantarem
- Incentive o ritmo com palmas e batidas
- Ofereça instrumentos musicais infantis como chocalhos e pandeiros
- Veja desenhos e filmes musicais
Essas atividades farão bem para as crianças e também para os adultos. Bora chamar a criançada para fazer um som?